COMUNICAÇÃO

Unidade Móvel leva orientação jurídica e diversos serviços para Caetité

15/09/2017 22:11 | Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499

Projeto leva o atendimento da Defensoria Pública às cidades em que ela ainda não está presente

Por onde passa, a Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA coleciona histórias. Hoje, 15, o atendimento foi realizado em Caetité, no sudoeste do estado, e um dos destaques foi a realização do exame de DNA nas gêmeas de apenas 16 dias de vida. Ao todo, foram registrados 120 atendimentos envolvendo os mais diversos casos, principalmente, na área de família.

“Dessa vez, é em dose dupla”, percebeu o servidor Marcos Silva, responsável pela coleta do sangue e pelo preenchimento de toda a documentação necessária para realização do exame de DNA. “Melhor fazer o exame do que ficar com a dúvida se são minhas filhas ou não, mas eu sei que são. A responsabilidade aí será dobrada”, contou o mecânico Glauber Caires da Silva, 22 anos, enquanto carregava uma das supostas filhas no colo, fazendo jus à Ação Cidadã Sou Pai Responsável. “Bastou ele acreditar e assumir que as meninas eram dele aí elas nasceram dois dias depois”, lembrou a mãe das gêmeas, a lavradora Vanessa Rosa da Silva, 23 anos.

Já o motorista Gilberto César Gama, 63 anos, não precisou nem fazer o exame de DNA para reconhecer a paternidade da filha de nove anos. “Só vim aqui para saber o que fazer para colocar meu nome e sobrenome no registro dela. Sou pai, levo para a escola, para o curso, para todo lugar e só falta ela levar o meu nome”, contou. “Ela com ele é um grude só,  vive dizendo que parece mais com ele do que comigo e não para de perguntar que dia passará a ter o nome dele na certidão”, contou a mãe da menina, a lavadeira Ilma Guedes, 47 anos.

Em busca de orientação jurídica

E as histórias envolvendo pais e filhos não pararam de chegar. O ajudante de pedreiro Jovan Santos Souza, 23 anos, foi em busca de orientação jurídica sobre o que fazer em relação ao acordo de guarda compartilhada que estabeleceu com a mãe dos seus dois filhos e que não está sendo cumprido. “O acerto foi que eu devia ficar com os meninos de sexta a segunda, semanalmente, mas ela só me entrega eles quando quer. Já fiquei cinco meses sem vê-los”, lamentou o ajudante de pedreiro, que mora na localidade de Pó da Passagem da Onça, na zona rural.

A perda do filho de 22 anos, em 2011, fez um casal perder o chão e, até hoje, os dois querem saber o que aconteceu realmente durante o passeio que ele foi com um conhecido e outros rapazes. “Só recebi a notícia da morte dele e o corpo. Sonho com ele sempre. Parece uma visão, como se ele quisesse contar alguma coisa, pois sempre diz ‘investiga que você descobre o que aconteceu. Foi tudo enganação'”, recordou a mãe. De acordo com o casal, a versão contada por quem estava junto com o jovem foi que ele se afogou. “Quem se afoga fica com água no pulmão e ele não tinha um pingo de água no pulmão. Ele tinha muito sangue e machucados pelo corpo. A gente não sabe o que aconteceu e quem estava lá nunca nos contou”, acrescentou o pai do jovem, enquanto aguardava atendimento para tirar dúvidas sobre como investigar o caso.

Moradora de Sítio do Mato, a cerca de 215 quilômetros de Caetité, a dona de casa Maria Creuza aproveitou a passagem da Unidade Móvel da Defensoria tanto em Bom Jesus da Lapa como em Caetité. “Fui fazer o exame de DNA com minha neta e, lá, descobri que também resolvia divórcio. Aí chamei meu ex-marido para virmos hoje para Caetité e aproveitar logo essa oportunidade. Ações assim são sempre bem-vindas”, contou Maria Creuza, que não vê a hora de tirar o sobrenome Souza, do ex-marido.  “Quando separa, tem que acabar todo o vínculo que existe, inclusive tirar o sobrenome”, determinou.

Essencialidade

De acordo com a subcoordenadora da 2a Regional da Defensoria – Vitória da Conquista, Jeane Meira Braga, a Unidade Móvel é uma importante ferramenta para perceber a demanda reprimida de cada cidade onde não tem defensor público. “Quando vamos para as cidades onde a Defensoria Pública não está percebemos a nossa essencialidade e o quanto fazemos falta para esta população que temos a obrigação legal de atender”, destacou a subcoordenadora, que ficou encantada com a estrutura da Unidade.

“Cada município tem suas realidades, demandas e características diferentes e isso só confirma a atuação da Unidade Móvel por onde quer que ela passe. Vamos continuar percorrendo toda a Bahia e levando os nossos serviços de orientação jurídica, resolução extrajudicial dos casos e exames gratuitos de DNA para mais perto de quem precisa”, prometeu o coordenador da Unidade Móvel, Márcio Marcílio. Esta itinerância também contou com a participação das defensoras públicas Walmary Pimentel e Deliene Martins, que atua em Guanambi, além de servidores de Salvador, Vitória da Conquista e também de Guanambi.