COMUNICAÇÃO

Jovens e adolescentes lotam auditório de colégio para último dia do projeto Direitos Humanos nas Escolas

22/10/2019 20:15 | Por Leilane Teixeira (Estagiária), sob a supervisão de Arthur Franco

Foram mais de 200 alunos presentes no último dia para dialogarem sobre o tema Diversidade Sexual e de Gênero.

Sala lotada, olhares atentos e muita interação entre estudantes e palestrantes marcaram o último encontro do projeto Direitos Humanos nas Escolas: Discutindo de todos os jeitos no Centro Estadual de Educação Anísio Teixeira, na manhã de hoje, 22.

Promovido pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, por meio da Especializada de Direitos Humanos, o projeto, que tem por objetivo trabalhar assuntos atuais com jovens de escolas públicas, encerrou suas atividades no local com o tema Diversidade Sexual e de Gênero fazendo com que mais de 200 jovens se acomodassem no auditório do colégio.

“Me senti representado. Esse assunto é muito significativo para mim, porque foi uma pessoa LGBT quem estava falando, uma pessoa oprimida, que é vítima do mesmo ciclo de opressão na qual eu faço parte. Inclusive, colegas meus aqui da escola, que já fizeram comentários maldosos comigo, com certeza repensaram suas atitudes após tudo que foi dito. Eu realmente estou muito feliz com esse projeto desenvolvido em nossa escola, não só com o tema de hoje, mas com todos os outros”, relatou o estudante Alan Muniz, que é LGBT assumido.

Ainda muito emocionado, o aluno ressaltou o quão é importante ver que existem órgãos que se preocupam com as classes sociais menos favorecidas. “Sou periférico, pobre e estudante de colégio público, quando você imagina que pensam nessa juventude? Essas coisas acontecem em colégio particular. O conhecimento sempre foi algo da burguesia e quem não pode pagar morre sem ele. Ver que de fato existe uma instituição que se preocupa conosco é muito gratificante”, finalizou.

A palestra foi comandada pela primeira mulher transexual psicóloga de Salvador e também servidora da DPE/BA, Ariane Senna, e o estagiário de Diversidade e Gênero da instituição, Caio Sérgio Santos. Ambos discorreram sobre LGBTFobia e sexualidade, que engloba sexo biológico, identidade de gênero e diversidade sexual. Esmiuçaram o significado da sigla LGBTQI+ e todo histórico do movimento, além de comentarem sobre cura gay e a diferença entre homossexualidade e homossexualismo.

Nos quatro dias de projeto, realizados nos últimos meses, foram mais de 700 alunos que estiveram presentes nas palestras. Para a defensora púbica e coordenadora da especializada de Direitos Humanos, Lívia Almeida, a ideia é que o projeto chegue a muitas outras escolas públicas.

“O resultado superou todas as nossas expectativas em relação a receptividade e a troca de experiências. Tudo que a gente esperava foi superado aqui no colégio Anísio Teixeira. E esse ano já temos uma outra escola para trabalhar, que é o Costa e Silva. Ano que vem, com certeza, a gente já entrar em parceria com a Secretária de Educação para poder levar o projeto ao máximo de colégios possíveis”, relatou.

Feedbacks

A diretora do Centro Estadual de Educação Anísio Teixeira, Veronica Lisboa, agradeceu a parceria com a DPE/BA. “A Defensoria Pública da Bahia trouxe para a nossa unidade escolar temáticas que são relevantes, são necessárias e que precisam ser discutidas, principalmente com a juventude. Foi incrível o quão interessados eles ficaram. Só temos a agradecer, nossas portas estão abertas sempre”, disse.

Quem também se mostrou engajada com os assuntos e sempre fez questão de marcar presença nas palestras foi a aluna Rebeca Machado, 17. “Eu achei todos os assuntos que trouxeram para a escola muito interessantes. A forma que foi tratada, o estilo de bate-papo, tudo foi muito bom mesmo. Nós adolescentes gostamos de participar e eu, que gosto de dar opinião, pude expor elas, além de aprender muito também”, comentou a jovem.

Ela revela ainda que “esses assuntos devem ser abordados mais vezes nos colégios para que haja uma melhor formação nossa como adultos e para que nossas confusões possam ser entendidas”, concluiu.

A professora de filosofia Nathalia Laoturco, ressaltou que foram quatro temas escolhidos a dedo. “É fundamental poder falar de racismo, masculinidade tóxica, violência contra mulher e LGBTFobia,  porque isso é a realidade dos nossos alunos e de suas famílias. Trabalhamos com adolescentes que são periféricos, então eles passam por um processo de vulnerabilização social muito grande, e a gente sabe o quanto eles são mais vitimados em todos esses aspectos e tantos outros. Então acho fundamental esses estudantes se instrumentalizarem, entenderem que eles têm direito e que respeitar é uma obrigação deles enquanto cidadão do século 21”, expôs a professora.

O próxima instituição de ensino que receberá o projeto é o Colégio Estadual Presidente Costa e Silva, no dia 30 de outubro.