COMUNICAÇÃO

Folder sobre Violência Obstétrica é lançado na Escola Superior da Defensoria Pública

23/08/2018 18:11 | Por Amanda Santana - DRT/BA 5666 (texto e fotos)

Objetivo do evento foi explanar sobre o papel da DPE/BA na defesa das vítimas e o enfrentamento da violência praticada nos locais dentro do cenário de atendimento obstétrico

Um assunto ainda latente e que muitas mulheres não sabem nem que são vítimas. Assim é a violência obstétrica e para melhor debatê-la a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA promoveu o lançamento do folder Conversando Sobre Violência Obstétrica Identifique e Denuncie!.

O evento, que ocorreu nesta quinta-feira, 23, na Escola Superior da Defensoria Pública – ESDEP, discorreu sobre o papel da Defensoria Pública na defesa das vítimas e o enfrentamento da violência praticada nos locais onde as mulheres teoricamente deveriam receber apoio e orientação.

A subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Eva Rodrigues, comentou acerca da discussão sobre Violência Obstétrica: “Ano passado começamos a trabalhar mais sobre o assunto e algumas demandas surgiram neste sentido. A ideia deste evento foi um espaço de construção e aprendizados, para além do lançamento da cartilha compreender este fenômeno que acontece diariamente, por diversas mulheres”.

Natália Veroneze, advogada e fundadora do projeto Jus Camomila – que trata sobre emponderamento e mobilização feminina desde fevereiro de 2018 -, foi uma das mentoras para que o evento acontecesse e falou um pouco de como surgiu a ideia deste evento na DPE/BA.

“Fiz uma capacitação em violência obstétrica, tive ideias de fazer workshops nas escolas e a partir disto entendi que a realidade daqui ainda é muito invisibilizada. Difícil chegar com esse tema nas escolas e nos demais locais. Então a minha ideia foi ouvir, junto a DPE/BA, a população e quais as questões que aqui vieram à tona”, finalizou Natália Veroneza.

A defensora pública do Núcleo de Defesa da Mulheres – NUDEM, Viviane Luchini, comentou que no ano passado foi realizado um seminário para tratar sobre este tema e foi elaborado um folder junto à Rede. “Recebemos o contato de Natália para discutirmos o assunto, então resolvemos lançar o folder e debater junto às mulheres sobre a violência obstétrica, para que elas conheçam e saibam tomar providência dos seus direitos”.

A ativista Marie Anne Tonelli Rammi, de 38 anos, também compôs a mesa e disse que já foi vítima de violência obstétrica e que a mesma existe desde sempre. “Vivemos em uma cultura patriarcal, que entende que o centro do mundo é o homem, branco e europeu. E neste sentido trata os outros corpos, gêneros e raças como uma propriedade. Então, a violência obstétrica nada mais é do que uma violência de gênero deste patriarcado, personificado nas figuras de médicos, enfermeiros e outras instituições de poder dentro do cenário de atendimento obstétrico”.

A diretora jurídica da organização ARTEMIS, Ilka Teodoro, explicou sobre a dificuldade de reconhecer este tipo de violência: “Por ser uma violência que está dentro de uma lógica institucional, a violência obstétrica é naturalizada e banalizada, por isso mesmo difícil de ser identificada tanto por quem pratica quanto por quem sofre”.

O evento no final foi aberto para perguntas e em seguida foi realizada uma dinâmica. Clique aqui para ler mais sobre o nosso folder.

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Ocorre durante a gestação e na hora do parto de uma mulher. Diversos tipos de violência podem ser desencadeados como violência obstétrica, são elas: agressões verbais, tratamento humilhante, privação de acompanhante, recusa de atendimento, além da realização de intervenções e procedimentos médicos desnecessários.

De acordo com a Organização ARTEMIS e a Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres no Brasil é vítima desta violência. A DPE/BA dispõe do Núcleo de Defesa da Mulher – Nudem, vinculado à Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, para atender estas mulheres que sofrem de violência obstétrica.

As denúncias podem ser realizadas pelo telefone através da central de atendimento à mulher (ligue 180) ou a ouvidoria geral do SUS (ligue 136).