COMUNICAÇÃO

Aos 60 anos, assistido da Defensoria volta às salas de aulas para "reaprender" a aprender

13/11/2015 14:46 | Por CAMILA DRT 3776/BA

Depois de ser encaminhado pelo NAP da 3ª Regional à Universidade da Terceira Idade, Luiz Honorário passou a ver a vida com "outros olhos"

Qual a idade certa para aprender a aprender? Especialistas defendem que as pessoas estão aptas a adquirir conhecimentos em qualquer idade, embora a sabedoria convencional indique que o volume de informações é processado de forma mais rápida quando se é criança. Para Luiz Honório de Oliveira, assistido da Defensoria Pública em Ilhéus, a idade de aprender foi aos 60 anos. Atendido pelo Núcleo de Apoio Psicossocial da 3ª Regional há um ano, ele passou a ver o mundo com outros olhos, depois de ser encaminhado pela DPE à Universidade da Terceira Idade – UNATI, na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.

De acordo com a subcoordenadora da Defensoria Pública em Ilhéus, Fabianne Oliveira, Luiz Honório de Oliveira é paulista e chegou à cidade ao mesmo tempo em que o NAP da Regional foi criado, em setembro de 2014. Atendido pela psicóloga Marisa Batista da Silva e pela assistente social da unidade, Fabiana Valéria, as queixas eram recorrentes: insatisfação com os serviços públicos e com a assistência social das instituições públicas onde foi atendido antes, tendo em vista sequelas de problemas de saúde parcialmente superados. Os problemas, segundo ele, o mantiveram durante cinco anos sem o movimento das pernas e sem fala.

"Encaminhado pela Defensoria Pública Estadual de São Paulo e pela Defensoria Pública da União, onde por muito tempo foi atendido, ele passou a ser assistido por Marisa, demonstrando-se totalmente dependente do atendimento, quase diário, para resolução dos seus problemas, inclusive de ordem pessoal, alegando incapacidade para tomar decisões por si só e ausência de parentes que pudessem acolhê-lo", explicou Fabianne.

O cenário começou a mudar quando, depois de ser orientado pelo NAP a se inscrever no programa Universidade da Terceira Idade, Luiz procurou a DPE para informar que havia se matriculado nos cursos de Informática, Inglês, Francês e Espanhol. "Agora com meu tempo ocupado posso conviver com outras pessoas, adquirir novos conhecimentos. Lá eu encontro pessoas gentis, amorosas, que me tratam com carinho e respeito; esqueço até do tempo, esqueço que preciso voltar pra casa", revelou Luiz Honório. Ao reaprender a conviver com outras pessoas, o admirável mundo novo do aposentado só está começando.

Para a defensora pública Fabianne Oliveira, com a nova rotina, Luiz Honório, além de ocupar seu tempo de forma prazerosa e produtiva, tem a oportunidade de adquirir conhecimento, desenvolver habilidades, estabelecer relações e participar de atividades educacionais, culturais e de lazer. "Por outro lado, os profissionais do NAP têm a satisfação de apresentar seu trabalho e desfrutar da sensação de dever cumprido, na busca de uma sociedade inclusiva, onde o respeito aos direitos humanos não só é necessário, como possível", pontuou a subcoordenadora.