COMUNICAÇÃO

Audiência pública celebra 330 anos da Irmandade dos Homens Pretos

17/11/2015 19:23 | Por CAMILA MOREIRA DRT 3776/BA (TEXTO E FOTOS)
Sessão foi proposta pelo deputado estadual Bira Coroa, da Comissão de Igualdade da Assembleia Legislativa da Bahia

Uma audiência pública proposta pelo deputado estadual Bira Corôa, do PT, homenageou a Irmandade de Homens Pretos nesta terça-feira, 17, na Assembleia Legislativa da Bahia. A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA participou da homenagem, representada pela corregedora geral, Maria Auxiliadora Teixeira.

"É com alegria que participo dessa audiência pública por entender a identificação da DPE com a Irmandade dos Homens e Mulheres Pretos. A Defensoria tem tudo a ver com os objetivos dessa irmandade, de transformação social, com a missão e dever de resgatar o acompanhamento dos movimentos sociais com os quais temos de interagir. Não acredito numa Defensoria elitizada e distante do povo. Qualquer luta pela inclusão social é uma luta da Defensoria", pontuou a corregedora.

Para o proponente da homenagem, Bira Corôa, a Irmandade dos Homens Pretos foi essencial na luta pela preservação da religião de matriz africana e no esteio do povo negro. Profundamente ligada à consolidação da identidade negra, a associação religiosa é símbolo da resistência à escravidão e outras formas de opressão. "É contando o passado que valorizamos e atuamos com mais solidez no presente, na busca de um futuro mais justo e igualitário", sentenciou o parlamentar.

Também presente à audiência pública, a corregedora adjunta, Josenilda Alves Ferreira, destacou a importância da participação na sessão. "Como instituição que atua na construção da cidadania, apoiadora da luta contra o preconceito e discriminação, além de fomentadora da garantia e efetivação dos direitos humanos, é importante estar aqui como um órgão de transformação social, uma das missões também da irmandade", afirmou

O vice-prior da Irmandade, Adonai Ribeiro, ressaltou o empenho dos fundadores da instituição na busca por mais direitos sociais: "Nossos irmãos que criaram o órgão que hoje é entendido como Previdência Social".

Também participaram da homenagem o capelão da irmandade, padre Lázaro Muniz, e o adido adjunto e diretor da Casa de Angola na Bahia, Camilo Afonso e o representante da Secretaria de Promoção da Igualdade, Ailton Ferreira.

História

Embora o registro oficial da Irmandade date de 1685, algumas fontes remetem o seu funcionamento desde 1604 nos porões da antiga Igreja da Sé. A Venerável Ordem Terceira Irmandade do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo (Irmandade dos Homens Pretos) ou Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos do Pelourinho, como é popularmente conhecida, é uma entidade trisecular religiosa, social, cultural, que luta pela preservação das tradições de origem africana. Ela é a única irmandade negra que detém o título de Ordem Terceira na Igreja Católica do Brasil.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Salvador foi fundada em 1796. Dentre as influências históricas que a irmandade exerceu está a compra da liberdade de muitos negros e negras escravizados da Bahia. Sem fins lucrativos, a associação religiosa é formada por pessoas negras católicas de ambos os sexos que, ao longo do tempo, se consolidou como espaço de fortalecimento da identidade negra e preservação da cultura afro-brasileira. Atualmente a irmandade é comporta por cerca de 200 integrantes.