COMUNICAÇÃO

Políticas educativas de Paulo Freire são discutidas no 5º encontro do Grupo Acolher

25/05/2016 20:08 | Por Luana Rios
Diálogo e a abstinência de ser especialista no trato com a criança e com o adolescente foram apresentados pelo palestrante

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, Paulo Freire. O olhar deste educador sobre o assunto para o trabalho com crianças e adolescente em situação de rua foi tema do quinto encontro do grupo de estudos Acolher, nessa quarta-feira, 25. O coordenador de Arteeducação do Projeto Axé, Marcos Antônio Candido Carvalho, falou sobre os princípios políticos educativos de Paulo Freire que incluem o diálogo e a abstinência de ser especialista no trato com essas pessoas. O encontro aconteceu no auditório da Escola Superior da Defensoria – Esdep, no Canela.

“O educador especialista não fala COM a criança e COM o adolescente. Ele fala SOBRE a criança e o adolescente”, explicou. De acordo com o palestrante, Paulo Freire propõe o diálogo com os educandos como procedimento. Educando também, conforme falou durante encontro, é a nomenclatura ideal para definir pessoas em processo de aprendizagem, pois significa tirar de dentro. Já aluno significa ser sem luz, ou seja, é o educador iluminando o ser que aprende.

Ao contar um pouco da sua história de vida desde criança até a chegada na DPE, a defensora pública Ana Virgínia Rocha, da Curadoria Especial, questionou ao palestrante o que aproximaria essas crianças e adolescentes da vontade de ter os seus sonhos realizados, da cidadania, da ideia de ter seu direito a ter direitos. “A minha maior motivação é a vontade de ensinar as crianças a sonhar. Como será que uma instituição como a Defensoria Pública pode ensinar dessa criança e desse adolescente? É o que eu perguntaria a Paulo Freire pudesse estar com ele”, contou.

Em resposta à defensora, o palestrante falou sobre a dificuldade de representantes no sistema de garantias, como polícia, juízes, entenderem onde começa e termina cada papel de atuação. “Algumas pessoas que estão no sistema de garantias, não sei o que elas entendem quando se fala que aquele sujeito é um sujeito de direitos”, criticou.Participaram também do quinto encontro do grupo de estudos Acolher a psicóloga e professora da Universidade Federal da Bahia, Juliana Santana; e a assistente social e professora da Ufba, Adriana Ferriz.

PROJETO ACOLHER
O Projeto Acolher tem o objetivo de proporcionar o atendimento integral prescrito na legislação brasileira às crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco, seja por estarem em situação de rua, abandonadas por seus pais ou responsáveis ou em conflito com os mesmos, seja por estarem afastados por determinação judicial e abrigados em instituições de acolhimento, ou ainda por estarem cumprindo medidas sócio educativas, e não tenham representantes legais.