COMUNICAÇÃO

Cultura da violência contra a mulher é debatida em reunião com Secretaria de Mulheres de Camaçari

01/06/2016 12:07 | Por CAMILA MOREIRA DRT 3776/BA (Texto e fotos)

Projetos desenvolvidos pela Semu foram apresentados aos defensores públicos

A subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Eva Rodrigues, junto com defensor público da 1ª DP Especializada Criminal em Violência Doméstica, Marcos Fonseca, reuniram-se na tarde desta terça-feira, 31, em Camaçari, com representantes da Secretaria da Mulher de Camaçari – Semu e Ministério Público local para discutirem aspectos do chamado Comitê dos Homens pelo Fim da Violência contra Mulher. O projeto, de iniciativa da Semu, tem o objetivo de construir estratégias de mobilização com ações preventivas e educativas de combate à agressão contra a mulher, a partir da sensibilização de homens.

De acordo com a defensora Eva Rodrigues, conhecer iniciativas que atuem no combate ao ciclo da violência e agressão à mulher a partir de uma perspectiva em que o foco esteja na mudança de comportamento do agressor é importante.

"É necessário pensar novas formas de atender o homem que agride, para além do atendimento judicial. Vivemos numa sociedade patriarcalista e machista. Se um homem age de forma violenta com uma mulher num relacionamento, é muito provável que esse padrão de violência se repita num outro relacionamento. Precisamos oferecer mecanismos de atendimento aos homens para evitar que a agressão contra a mulher não aconteça outras vezes, em outros relacionamentos. No fim, o que pretendemos é reduzir a violência contra a mulher", pontuou Eva Rodrigues.

A ideia proposta pela Semu com o comitê é reunir diferentes instituições e agentes parceiros para, a partir das atividades propostas, conscientizar tanto homens agressores quanto não agressores sobre a cultura da não violência. De acordo com promotor de Justiça, Adalto Araújo, que coordena o grupo, o trabalho é voluntário, e a participação nas atividades propostas não é obrigatória. Das oficinas de acompanhamento psicossocial com homens agressores, realizada em novembro do ano passado, temas ligados a questões como gênero, machismo, misoginia e violência foram tratados. Os participantes foram encaminhados pela DEAM da cidade.

De acordo com a secretária da Semu, Suzana Graziela de Lima, atuar com foco na psicoeducação da não violência contra a mulher é uma das estratégias encontradas pelo município para reduzir os números da violência contra o público feminino. De janeiro a maio desse ano, cerca de 300 medidas protetivas foram expedidas no município.

Segundo o psicólogo da unidade, Silier Borges, infelizmente, ainda é possível identificar traços de machismo e misoginia no pensamento manifesto por homens que participaram dos encontros. Mas que ainda assim, é preciso "atacar" a cultura do machismo para além da punição.

Para o defensor público Marcos Fonseca, a mudança cultural por parte dos homens agressores é necessária. "Todas as iniciativas que estimulem a redução da violência são essenciais. Se você reduz a quantidade de homens potencialmente agressores você reduzirá o número de vítimas também", destacou.

Além das oficinas de acompanhamento psicossocial com homens, o comitê tem realizado ainda o curso de Qualificação da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que objetiva qualificar profissionais de diferentes segmentos sociais – saúde, assistência social, segurança pública, conselhos de direitos, conselhos tutelares, grupos de mulheres, instituições religiosas, entre outras entidades da sociedade civil – sobre as questões de gênero, promovendo a qualificação dos atores que integram a rede intersetorial para identificar, acolher, acompanhar e encaminhar as mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A iniciativa de educação em direitos foi elogiada pela Defensoria e a possibilidade de ser replicada na DPE não foi descartada.