COMUNICAÇÃO

Dança, poesia e discussão sobre trabalho marcam último encontro do Grupo de Estudos Pop Rua em 2016

01/12/2016 22:48 | Por Jéssica Carvalho (Estagiária) - Texto e foto
Encontro reuniu cerca de 80 pessoas no auditório da Esdep
“A gente quer sair de manhã para poder trabalhar, qualquer tipo de trabalho. E a rua está repleta de pessoas extremamente capacitadas”. O desabafo veio da representante do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Maria Lúcia Santos, e marcou o último encontro do Grupo de Estudos de População em Situação de Rua em 2016. Realizado na tarde desta quinta-feira, 1, o evento reuniu cerca de 80 pessoas no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia, entre representantes da sociedade civil, estudantes e pesquisadores.

O trabalho e a renda foram os temas tratados neste encontro, que trouxe a visão dos diferentes segmentos representados na plateia. A palestrante e assistente social Sandra Carvalho explicou o objetivo de tratar a temática através de um diálogo entre várias esferas. “Esse debate plural é fundamental, pois os motivos que levam a uma situação de rua são vários. Precisamos de uma rede muito fortalecida, que envolve faculdades, órgãos de defesa dos direitos como a Defensoria Pública e o próprio movimento que faz um atendimento direto a esse público”, explicou.

Para a assistente social, o problema do trabalho é uma questão história e cultural, relacionada com o tipo de sociedade que sustenta essa exclusão. “Esse público sofre todo tipo de preconceito e exclusão nessa sociedade capitalista. Um exemplo disso é que, se alguém possui um histórico de criminalidade, não consegue se inserir no mercado de trabalho”, ressaltou. Seria, portanto, a categoria de trabalho fundamental para ajudar a minimizar outros problemas como o da moradia, saúde e da renda.

A defensora pública Fabiana Miranda, responsável pela Equipe Pop Rua, considera que o encontro entre pesquisadores, população de rua e representantes do movimento foi bastante rico. “A população de rua sempre demanda que haja políticas para trabalho e a Defensoria sempre prioriza a parte extrajudicial, através dos seus parceiros e do grupo de estudos”, lembra.

ARTE

A tarde também foi de muita arte, através das linguagens da música, dança, poesia e literatura. O Grupo Recital Ágape do coletivo Sarau da Onça recitou poesias de contestação, por meio dos artistas Evanilson Alves e Sandro Sussuarana. Alex Douglas Ramos e Gabriel Sousa Santos, da Biblioteca do Calabar, fizeram uma apresentação de dança. Ao final, o livro “População adulta em situação de rua”, resultado de pesquisa da professora Sandra Carvalho, foi lançado, seguido de um momento de autógrafos.

Em 2017, o Grupo de Estudos terá um novo formato e periodicidade, e será coordenado pela professora Jeane Freitas, pesquisadora da Escola de Enfermagem da UFBA. “Serão muitas mudanças para além do formato de seminário feito ao longo desse ano. Focaremos mais na pesquisa”, afirma Fabiana Miranda.