COMUNICAÇÃO
1º Xirê da DPE/BA vai reunir defensoras e defensores negros para avaliar o enfrentamento ao racismo e discutir saúde mental
Encontro acontece em 19 de maio - dia nacional e estadual das defensoras e defensores públicos - e abre o terceiro dia de atividades da Semana da Defensoria
Existiria um momento institucional melhor do que durante a Semana da Defensoria para debater políticas de igualdade racial e juntar forças de defensores(as) negros(as) que têm a mesma vivência diária de enfrentamento ao racismo no Sistema de Justiça? Possivelmente, não.
É por isso que o I Xirê da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA acontece na próxima sexta-feira, 19 de maio, Dia Nacional e Estadual das Defensoras e Defensores, às 8h, no Centro de Convenções, em Salvador.
Aproveitando que grande parte dos integrantes da classe jurídica da Defensoria estariam reunidos em Salvador, o Núcleo de Equidade Racial da instituição propôs a realização do evento, para proporcionar um espaço de comunicação aberta, com honestidade e afetividade. O objetivo é construir uma Defensoria Pública mais forte com pessoas negras e para pessoas negras.
Também se propõe a promover uma avaliação conjunta da agenda de enfrentamento ao racismo e aproximar tanto os integrantes negros(as) da classe que já estavam na instituição antes da política de cotas quanto os (as) que ingressaram depois.
Negritude e saúde mental
Xirê – palavra iorubá que significa roda, dança, brincadeira – é um rito ancestral da cultura africana que saúda os orixás e de grande representatividade na diáspora África-Brasil e nas religiões afrobrasileiras. Na Defensoria, o momento será voltado especialmente ao acolhimento e ao reconhecimento mútuo entre os defensores e defensoras negros e negras de várias gerações.
Para isso, a programação conta com a participação das especialistas em saúde mental da população negra e em clínicas multirracializadas Bárbara Borges e Francinai Gomes, que vão conduzir o encontro.
“Acreditamos que um encontro dessa natureza teria o papel especial de contribuir para a construção de uma cultura institucional que produz sua saúde também a partir de sua própria negritude”, destaca a coordenadora do Núcleo de Equidade Racial, defensora Vanessa Nunes.
Reunir, aproximar, fortalecer
De acordo com Vanessa Nunes, o I Censo da Defensoria Pública da Bahia, realizado em 2020, constatou que negros e negros vivenciam experiências de exaustão física e emocional no desempenho de suas atividades, em parte, devido ao racismo no sistema de justiça
O levantamento observou que 58% de defensores e defensoras negras se percebem representados de maneira inferior no sistema de justiça; e 45,6% já se sentiram desconfortáveis em algum ambiente por causa de sua cor, contra 8,4% de defensoras e defensores brancos.
Além disso, 53,7% foram alvo de suspeita de terceiros por conta de sua cor, contra 4,9%; e 10,6% acreditam já ter sido vítimas de racismo na própria Defensoria Pública, contra apenas 1% de defensoras e defensores brancos.
“Por conta desses dados, é importante garantir que essas pessoas encontrem meios de fortalecimento de suas identidades. É preciso construir um espaço em que a negritude possa se reconhecer, se aproximar, para que, pela mobilização de nossos afetos, possamos caminhar para uma Defensoria cada vez mais plural, mais diversa”, reforçou Vanessa Nunes.
SERVIÇO
O QUÊ: 1º Xirê da Defensoria Pública da Bahia, com Bárbara Borges e Francinai Gomes (especialistas em saúde mental da população negra e em clínicas multirracializadas)
QUANDO: 19 de maio (sexta-feira), às 8h
ONDE: Centro de Convenções, Boca do Rio, Salvador (Bahia)