Buscando sensibilizar os interessados em adoção para que acolham crianças maiores e em situações vulneráveis, a Defensoria Pública do Estado da Bahia lançou em Salvador na manhã desta terça-feira, 7, a 10ª edição da Ação Cidadã Ame e Adote.

Para simbolizar a campanha deste ano,  foi escolhido o casal Zaida de Luna, psicóloga, e Anderson C. Souza, médico e militar. Há quase nove anos a família adotou um recém-nascido de apenas 15 dias, Pedro. Mas não apenas; dois anos e meio depois adotaram também o irmão da mesma criança, Rian. Na época Rian já tinha quase 5 anos, estava em situação de risco nas ruas e tinha saúde frágil. As crianças foram adotadas a partir de casas de acolhimento no interior da Bahia, mas hoje o casal vive em Fortaleza.

Presente no lançamento da campanha, Zaida de Luna comentou o caso e incentivou o amor sem condições. “Já tinha duas filhas de sangue quando adotamos Pedro e, depois, Rian. Não há diferença nenhuma nos nossos afetos. Rian foi adotado já com cinco anos, é negro e tinha apenas 9,5kg, para que se tenha uma ideia do contexto que se encontrava. Todos achavam aquela adoção impossível. Mas o coração é grande. Hoje Rian é um adolescente muito educado e está forte, não teve sequer uma gripe desde então. O amor cura”, assegurou Zaida.

Na peça publicitária que faz parte da campanha da Defensoria e irá circular pelas redes para incentivar a adoção, Anderson Souza destaca o papel do amor no ato. “A relação da idade é um critério de ilusão. O que vale, o que faz a diferença, é a experiência. Cada um com sua idade tem uma importância para aquela experiência em que nós vamos ajudar uns aos outros a vivenciar”.

Segundo Anderson, amor é sobre compartilhar essa experiência conjunta: “Exercitar o amor é amar. Não se coloca obstáculos ou determinantes. Apenas se faz, apenas se sente”, declarou no vídeo.

Para a defensora e coordenadora da Especializada dos Direitos da Criança e do Adolescente Gisele Aguiar, o tópico da adoção de crianças que não se encaixam no perfil comumente desejado precisa ser salientado.

“O ponto principal desta campanha, que a Defensoria desenvolve durante todo o ano e intensifica em maio, é justamente divulgar e estimular a adoção de um perfil de crianças que nem sempre é aquele que os candidatos a mães e pais adotivos estão em geral interessados. No caso de Salvador, por exemplo, o perfil da maior parte das crianças que estão prontas para serem adotadas são maiores de cinco anos e negras. Em todo o Brasil, o perfil mais procurado é o de recém-nascidos até dois anos e brancas”, afirmou Gisele Aguiar.

Também presente ao evento, a defensora pública Laíssa Araújo  também da especializada da Criança e do Adolescente, comentou sobre questões legais e práticas envolvidas no processo de adoção.

“É o Estatuto da Criança e do Adolescente que rege a adoção. É preciso que as pessoas se inscrevam no cadastro e que indiquem o perfil da criança que querem adotar. A maioria das crianças para adoção são maiores de cinco anos. Quem deseja crianças maiores não têm que esperar, não há demora. É preciso dizer que nossa ação procura também realçar aqueles casos onde um tio ou uma tia, por exemplo, já é reconhecida como pai ou mãe pela criança, mas que ainda não vive uma situação regular quanto a adoção ou ao menos quanto a guarda legal da criança”, pontuou Laíssa.

O lançamento da campanha contou ainda com a presença da coordenadora executiva das especializadas na capital, Donila de Sá Fonseca, e foi realizado na Casa de Acesso à Justiça I, no Jardim Baiano, como parte do projeto Sala de Espera – em que a população tem a oportunidade de ter acesso a conhecimentos sobre distintos temas enquanto espera por atendimentos.

Criada em 2009, a Ação Cidadã Ame e Adote visa incentivar adoção como gesto de amor, esclarecer dúvidas sobre processos de adoção e os benefícios da regularização da guarda para as crianças e os responsáveis legais. A ação é intensificada por campanha publicitária no mês de maio por via de peças em outdoors, busdoors, spots de rádio, folders, rede sociais e eventos.