COMUNICAÇÃO

Abertura do Festival Literário Nacional em Cajazeiras é prestigiada pela Defensoria

12/11/2019 19:14 | Por Tunísia Cores - DRT/BA 5496 | Fotos: João Ubaldo

A DPE/BA prestará atendimentos na quinta-feira, 14, no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, onde acontece o evento

Durante esta semana, Salvador realiza uma grande celebração em prol da literatura por meio do Festival Literário Nacional – Flin: Diversas Leituras & Novos Caminhos, que acontece até o dia 15 de novembro, no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras. Realizado pela Fundação Pedro Calmon, órgão vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – Secult, o Flin teve sua abertura nesta terça-feira, 12. A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA marcou presença no primeiro dia e levará seus serviços ao púbico na quinta-feira, 14.

Representando o defensor público geral, Rafson Ximenes, a defensora pública Analeide Accioly destacou a relevância da programação para a população baiana. “Eventos como esse são muito importantes para despertar a sede por conhecimento não apenas em crianças e jovens, mas também nos adultos que não tiveram a possibilidade de estudar no tempo adequado. O conhecimento é o caminho para todos os outros segmentos – sejam eles culturais, acadêmicos, de ofício – e ninguém pode deixar de trilhar”, afirmou.

Na quinta-feira, 14, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA participará ativamente da programação do Flin. Isto porque uma equipe da DPE/BA estará no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras para fornecer orientações e encaminhamento jurídicos ao público. Será possível ter acesso a serviços de áreas diversas e realizar exames de DNA gratuitos, para pessoas que não têm o nome do pai no registro, por meio da Ação Cidadã Sou Pai Responsável. É preciso levar documentos básicos de identificação – tais como RG, DPF, comprovante de residência – entre outros considerados relevantes para o encaminhamento das demandas.

“A Defensoria viabiliza o exercício da cidadania para a camada mais carente da população e, quando se fala neste tema, não se limita apenas à assistência jurídica. Ela abarca os direitos e deveres políticos. A cultura e a educação são direitos da população e deveres do estado. E por isso a DPE/BA é uma instituição de fundamental importância”, comentou Analeide Accioly.

Violão com a Palavra

Um misto de música, cultura e literatura marcaram a primeira programação do dia, o projeto Violáo com a Palavra. Composta por dois baianos renomados, a cantora Luedji Luna e o ator e escritor Lázaro Ramos, a mesa de abertura transformou-se em uma plataforma de diálogo e interação sobre a importância da leitura na trajetória dos artistas e do público em geral.

Sempre ligada às artes, Luedji comentou sobre a força necessária para traçar a própria trajetória no mundo da música sobre a descoberta do talento também para a escrita. A cantora também relembrou como começou a se expressar, por meio de uma experiência negativa que viveu ainda quando criança. “Eu comecei a escrever para existir, para sobreviver a uma violência na infância”, comentou.

“Foi tão violenta para mim essa experiência aos seis anos de idade que eu comecei a não falar mais. Inclusive, para mim, ser cantora e falar para essa quantidade de pessoas é um avanço porque eu era extremamente tímida. Eu era a única criança [na escola] que não conseguia nem desenhar uma flor em um papel. A minha casa era um lugar de muito amor, muito respeito e muita consciência política. Então, tudo o que eu não conseguia expressar no mundo, eu expressava em casa”, relembrou.

Lázaro Ramos, por sua vez, teceu comentários sobre a construção da sua consciência racial e social por meio do Bando de Teatro Olodum e sobre a forma como a literatura passou a ser um elemento fundamental do seu cotidiano.

“O livro era, para mim, um prazer, companhia, lugar de informação. Era o lugar onde eu fortaleci a minha identidade”, afirmou. O artista citou ainda autores que foram fundamentais na construção do seu apreço pela literatura. “Você cita Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, eu acrescento Ana Maria Gonçalves, Nei Lopes e tantos outros autores negros e negras que fortaleceram a minha identidade. Eles falaram de assuntos que, muitas vezes, eu pensava em minha solidão e aí a literatura ganhou um lugar especial em minha vida”, comentou Ramos.

Abertura

A abertura do evento aconteceu durante a manhã, com a presença de diversas personalidades e representantes de órgãos do Executivo baiano e de instituições locais. Atual secretária de Cultura do Estado da Bahia, Arany Santana representou o governo do Estado na ocasião e ressaltou que a realização do evento no local é uma forma de reconhecimento do potencial artístico e cultural do bairro.

“Representa o reconhecimento do enorme potencial artístico e cultural expresso pelos talentosos artistas que residem nessa região, além da importância de ações destinadas à nossa juventude. E é por isso que, neste momento, vocês, juventude de cajazeiras, são o nosso eixo. São diversas leituras e novos caminhos apresentando a literatura produzida em diferentes comunidades de Salvador”, afirmou a secretária.

Para o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, o Flin trata-se de uma celebração da juventude, da cultura, da educação e da literatura. Ou seja, “é o encontro e a celebração daquilo que nós temos de mais caro em nossas vidas. É a ousadia, a criatividade e o conhecimento em estado concentrado. É a nossa querida Cajazeiras entrando no mapa dos grandes eventos literários nacionais, é a cultura cumprindo o seu papel de elemento estratégico para o desenvolvimento cultural”, afirmou Araújo.