COMUNICAÇÃO
Ação Pai Responsável promove exames de DNA gratuitos e atendimentos jurídicos no Cabula
Colégio do Mãe Stella, no Cabula, recebeu defensores e servidores em campanha de exames laboratoriais e encaminhamentos jurídicos
Na manhã deste sábado (26), Pedro, comerciante, acordou cedo e levou M., de 2 anos, e L, de 4 anos, para a escola. Não era dia de aula, nem de reunião de pais e mestres, até porque ambas não teriam sequer idade para estudar no local de destino, o Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação da Bahia Mãe Stella (CEEINFOR Mãe Stella), no Cabula. O motivo era outro: realizar um exame de paternidade.
Pedro foi o terceiro a chegar para ser atendido na Ação Cidadã Sou Pai Responsável, organizada pela Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) em parceria com a escola estadual. A campanha ofereceu exames de DNA gratuitos para reconhecimento de paternidade, além de orientações jurídicas em diversas áreas para a população no Cabula.
“Vim fazer o exame não porque teve cobrança de alguém, mas para saber que sou pai de verdade, fazer a coisa certa. Porque a pior coisa é você ficar na dúvida. Então procurar uma instituição, um órgão que possa lhe beneficiar, ainda mais gratuitamente, faz diferença. Dar amor e carinho é o que importa, independente do resultado que vier”, sintetizou.
A manhã também foi importante para Roberta, 42, Rian, 17 anos, e Edson, 79. Rian nunca teve o nome do pai nos documentos, apesar de conhecê-lo. E assim pareceu que ficaria, após o falecimento do pai, em 2022. Contudo, a compatibilidade genética também pode ser identificada pelo sangue do avô paterno, Edson. Por isso os três foram ao dia de mutirão da Defensoria.
A mãe Roberta registrou Rian, à época do nascimento, sozinha. “Não éramos um casal, e eu não quis esperar o pai decidir. Fomos deixando passar, e o pai veio a falecer. E agora o avô se dispôs a participar”. Para Roberta, a importância do teste não é só prática, mas se reafirma pelo simbolismo que traz para a vida do filho.
Rian reforça que tinha boa convivência com os parentes paternos, mas faltava algo. “Eu queria colocar o sobrenome, apesar de já serem parte da minha vida”, explica. Para seu Edson, o teste é uma chance de unir a família. “Nós sempre convivemos, mas ele não tem o nome do pai, e eu quis dar essa oportunidade. Não é certo crescer um filho conhecendo o pai, mas não ter o nome”, relatou, emocionado com a memória do filho que partiu.
Pela primeira vez em seus 16 anos de existência, a Ação Pai Responsável foi às escolas de Salvador em 2023. No sábado passado, a DPE/BA esteve na Vila Canária fazendo a coleta dos exames, e, nesse sábado, foi a vez do Cabula.
“Decidimos ir às escolas porque é fundamental a presença do pai não só no documento, ou pagando pensão, mas ele estar na escola, acompanhar notas, saber se o filho está indo bem, se está se alimentando. Também percebemos que muitas meninas sem pai no registro estão engravidando e podem repetir essa mesma história com seus filhos. Por isso é importante o Estado estar nesse espaço”, explica Tatiane Ferraz, coordenadora da Especializada de Família.
O mês de agosto mobiliza a Defensoria da Bahia em nome de uma paternidade efetiva, que é uma forma de concretizar os direitos humanos, como afirma Adriano Oliveira, também Coordenador da Especializada de Família. “Essa é uma das ações mais bonitas da Defensoria. Temos a consciência que a paternidade é importante na vida de qualquer pessoa. Um pai ausente influencia na forma como a pessoa se relaciona, sua autoestima, então quando a gente busca, através de uma ação institucionalizada, conscientizar o pai da centralidade disso, é muito impactante”, explica.
Para a diretora do CEEINFOR Mãe Stella, Lúcia Ferreira, a Pró Lucinha, debater a paternidade é também papel da escola. “A formação humana integral do indivíduo é a missão da escola, isso não é somente passar conhecimento, é saber que aqueles meninos estão preparados para seguir na vida deles e um dia serem pais no futuro”, observa.