COMUNICAÇÃO
Acesso às tecnologias entre público infanto-juvenil foi tema da primeira palestra na CAJ I
Evento foi realizado nesta segunda-feira, 07, na Sala de Espera para assistidos que aguardavam atendimentos
Smartphone, tablet, computador, smart TVs, kindle, video-games são apenas alguns dos dispositivos móveis mais comuns com os quais crianças e adolescentes interagem frequentemente no dia a dia – seja para diversão, seja para o estudo ou desempenho de atividades variadas. No entanto, a exposição nem sempre é saudável e, para conversar sobre isso com pais e responsáveis, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizou uma palestra sobre “A exposição de crianças às novas tecnologias: vantagens e desvantagens”, nesta segunda-feira, 07, na Sala de Espera da Casa de Acesso à Justiça (CAJ) I, localizada em Salvador.
Psicóloga do Núcleo de Assistência Psicossocial da DPE/BA, Girlane Aragão dos Santos, 32 anos, palestrou para os assistidos e apresentou algumas das principais consequências da superexposição de crianças aos dispositivos, a exemplo do ciberbullying, assédio, dependência e acesso a materiais impróprios. Por isso, chamou a atenção para o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre a importância de refletir o tema.
“Não adianta orientar os pais e não dar caminhos para que limitem esse acesso e tenham formas criativas de inserir a criança na rotina. O grande objetivo foi fazer com que eles mudem a forma de lidar com a tecnologia e a forma como expõem esses filhos ao ambiente virtual”, destacou.
Por cerca de seis anos, Girlane Aragão atuou em psicologia clínica e realizou atendimento a adultos, crianças e adolescentes. Percebeu, então, que muitos pais buscam a tecnologia como forma de manter os filhos ocupados para que eles mesmos consigam desempenhar outras atividades do dia a dia. No entanto, destaca que é possível preencher o tempo da criança de maneira mais lúdica e criativa.
“É possível incluir essas crianças na rotina desses adultos cozinhando ou limpando a casa. É possível colocar o brinquedo do lado e fazer com que a criança – menino ou menina – brinque de cozinhar ou de casinha enquanto os pais ou responsáveis estão desenvolvendo a atividade”, destacou a psicóloga.
Presente na Sala de Espera nesta segunda-feira, Eliana Fonseca Bastos, 30 anos, foi à Defensoria para buscar atendimento e acompanhou a palestra por acreditar na importância de discutir o tema. Diante da exposição dos filhos aos aparelhos, destaca como faz para observar atentamente os acessos realizados nos aplicativos baixados pela filha, Naiane Bastos de Farias, 10 anos.
“Independente do que ela for ver ou baixar, o pai ou mãe pode colocar a sua própria senha, ao invés da criança. Existem aplicativos que são abertos livremente, mas hoje em dia o próprio aparelho ou aplicativo permite o controle”, afirma Eliana ao mostrar algumas formas de controle adotadas no dispositivo próprio.
A psicóloga Girlane reforça que, independentemente deste recurso, o acompanhamento dos pais ainda é necessário. E a mãe de Naiane aproveita a ocasião para destacar um dos pontos fundamentais da relação desenvolvida com a filha: o diálogo. “Eu e minha filha sempre conversamos. Ela tem certos aplicativos bloqueados porque não tem idade para poder usá-lo, já que podem existir coisas abusivas, que ela não deve ter acesso”, finaliza.
Coordenadora da Especializada de Família da DPE/BA, que promove o evento, Tatiane Franklin destaca a necessidade de observar como as crianças fazem uso da conexão com a web já que, se por um lado é possível direcionar o uso para o aprendizado, por outro existem riscos que devem ser levados em consideração.
“Como pais e mães, é preciso se policiar no sentido de que, às vezes, a internet é necessária para que os filhos não fiquem isolados desse mundo. Mas isso requer cuidado. Tem que explicar que existem coisas ruins do outro lado, que as pessoas podem não ser tão boazinhas quanto parecem na internet”, afirmou.
Sensibilização e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente na CAJ I
A programação na Sala de Espera da CAJ I integra o “Mês de Sensibilização e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente”, realizado durante o mês de outubro. Segundo Tatiane Franklin, a ideia é que a espera pelo atendimento possa ser mais dinâmico e educativo para os assistidos. Por isso, serão realizadas novas palestras nos dias 14 e 21 de outubro, com temas “Criança Segura” e “Viver: Educação Sexual na Infância”, respectivamente.