COMUNICAÇÃO
ALAGOINHAS – Defensoria promove palestra com psiquiatra sobre prevenção ao suicídio
Aberto à população, momento abordou relação de suicídio com quadros de depressão e cuidados para evitar situações de riscos
Como parte da campanha do Setembro Amarelo a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA em Alagoinhas promoveu palestra sobre valorização da vida e prevenção do suicídio. O evento foi aberto para servidores, estagiários, assistidos e convidados e contou com a coordenadora do Instituto da Psique, a médica psiquiatra Simone Paes, como palestrante convidada.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, o suicídio é hoje a segunda maior causa de mortes no mundo entre jovens de 15 a 29 anos. Segundo Simone Paes, boa parte destes registros estão associados a quadros de depressão.
Ela explicou ainda que há três formas de manifestação da doença: a inibida, quando tristeza profunda é percebida e a pessoa não consegue mais praticar suas atividades normalmente; a ansiosa que se manifesta a partir de sintomas somáticos como falta de ar, taquicardia, entre outras dores que, no entanto, não encontram causas físicas quando investigadas; e a mascarada de mais difícil reconhecimento.
“Na depressão mascarada não se percebe a tristeza, nem sintomas físicos. Mas por dentro a pessoa já não percebe nem um brilho pela vida. Ela se vê sem perspectiva de futuro e não se sente estimulada por nada. Só a partir de conversas mais abertas é que se vai evidenciando a situação”, comentou Paes.
Questão social
Ainda de acordo com a psiquiatra, o hostil quadro social onde não se pratica o respeito e as pessoas estão em competições se avaliando conforme comparações, com padrões socialmente difundidos elevados à condição de normas desejáveis, agrava a situação. Isso porque desvia as pessoas de seus percursos pessoais de desenvolvimento, potencializando que fragilidades latentes se intensifiquem.
Para Simone Paes, estas vulnerabilidades estão muitas vezes assentadas numa infância marcada pela experiência da carência, da incompletude encarada como dependência e da falta de observância quanto à limites que colaborem com o processo de tomada de decisão responsável.
“O importante é que quando alguém manifeste pensamentos suicidas que isso não seja encarado como uma tentativa de chamar atenção. É um pedido de socorro. Nem sempre podemos compreender as razões do sofrimento do outro, contudo é preciso acolher, incluir, praticar a escuta. A ausência das expressões de afeto, cuidado e atenção estão no limiar desta situação”, destacou Simone Paes que é autora do livro “A música de uma vida”.
Para a defensora pública Camile Morais que organizou o evento ocorrido na última quinta-feira, 12, o encontro superou as expectativas. “Se na Defensoria Pública cuidamos de vida, precisamos falar sobre ela. A palestra não apenas focou no quadro das pessoas com propensões suicidas, mas também em nós que estamos em contato com estas pessoas. Considerando a quantidade de assistidos que se fizeram presentes, tenho certeza que a fala qualificada de nossa palestrante convidada reverberará em muitos núcleos familiares”, disse.
Participando da palestra, o técnico administrativo da Defensoria Everaldo Xavier considerou a palestra engrandecedora. “Aprendi muito. É preciso estar atento às pequenas coisas e problemas do dia a dia para que eles não se tornem maiores. Ser mais atencioso com os sinais das pessoas que estão ao nosso redor”, pontuou.