COMUNICAÇÃO
Após três anos sem contato, pai e filho se reencontram por intermediação da Defensoria
O encontro aconteceu durante a edição do projeto Dignidade e Justiça realizada na PLB
A análise dos processos e coleta de demandas cedeu espaço para emoção durante os atendimentos do Dignidade e Justiça no Sistema Prisional realizados na Penitenciária Lemos de Brito. Lá, a Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) encontrou um pai que, apesar de ter autorização judicial para uma visita assistida do filho, estava há mais de três anos sem vê-lo. E pior: eles estavam há menos de um quilômetro de distância um do outro. O filho está detido na Cadeia Pública de Salvador, que também integra o Complexo Penitenciário da Mata Escura.
“Ficamos muito sensibilizadas com essa situação e buscamos os meios possíveis para garantir esse encontro. A autorização já havia sido concedida, mas foi preciso uma intermediação da Defensoria e a sensibilidade da direção da Cadeia Pública para que eles pudessem viver esse momento de emoção”, conta a coordenadora Criminal e de Execução Penal, Larissa Guanaes.
O reencontro seria realizado por videoconferência, mas a direção da Cadeia Pública garantiu as condições para deslocamento do custodiado, que foi até a Unidade Móvel da Defensoria para ver o pai. “Quando me chamaram aqui, nem acreditei. Achei que ia ser uma chamada de vídeo. Quando disseram que ia poder dar um abraço no meu filho, dei ‘Glória a Deus’!”, relembra, emocionado.
No encontro, ele diz ter recebido um “feliz dia dos pais atrasado” e incentivou o filho a voltar a trabalhar depois de deixar o sistema penitenciário. “Não quero meus filhos passando por isso. É uma situação complicada…Tentei dar força e aconselhá-lo. Ele é um menino estudado e não está acostumado com isso”, relembra.
O encontro durou apenas alguns minutos, mas foi definido pelo filho como “uma surpresa que alegrou o coração”. Segundo ele, o pai sempre esteve presente em sua vida e ajudou a família da forma que pôde. O contato só foi perdido após ter sido expulso do bairro onde vivia e, logo após, veio a detenção. Há pouco mais de um ano, o rapaz está preso na Cadeia Pública, a 800 m de distância do local onde o pai cumpre pena.
“Ter visto ele fisicamente, ter olhado e abraçado foi muito emocionante. Foram poucos minutos, mas alegrou e confortou meu coração. Por mais que eu estivesse sofrendo, não queria passar pra ele sentimentos que pudessem deixar ele com o psicológico abalado. Eu queria passar uma fé de que tudo que estamos vivendo passar”, descreve o rapaz.
Dignidade e Justiça
O trabalho realizado pela DPE/BA na Penitenciária Lemos de Brito fez parte do projeto Dignidade e Justiça no Sistema Prisional, que é realizado a partir de parceria firmada com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A atuação tem como objetivo analisar a situação processual dos apenados, coletar dados de caráter social e outras demandas dos internos passíveis de atuação da instituição.