COMUNICAÇÃO
ARACI – Mutirão de abertura dos exames de DNA feitos na Unidade Móvel é realizado na cidade que alcançou o recorde de coletas
Dos 23 exames abertos, 12 tiveram resultado positivo e 11 foram negativos
“Com a probabilidade de 99,99%”. Quem assistia as aulas de matemática na escola não sabia que, um dia, a probabilidade seria tão decisiva em sua vida. E, no início desta semana, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA mostrou aos moradores de Araci, no nordeste baiano, o quanto a probabilidade e a exclusão são assertivas nos resultados dos exames de DNA realizados durante a visita da Unidade Móvel de Atendimento da Instituição à cidade, que alcançou o recorde de coletas. Dos 23 exames abertos, 12 exames tiveram resultados positivos e 11 foram negativos.
Na véspera de completar 30 anos, o ajudante de pedreiro Jânio José dos Santos ganhou um “presente antecipado” e com sete meses de vida: o exame comprovou que o pedreiro é o pai do pequeno J.S.S., que parecia já pressentir o resultado e não parava de rir e bater palmas. “Eu estava em dúvida e ansioso esperando este resultado. Agora, a responsabilidade aumenta com este terceiro filho. Foi, realmente, um presente de aniversário”, contou o pedreiro, que decidiu junto com a mãe do bebê, que o pequeno terá o mesmo nome que ele, com acréscimo do agnome ‘Filho’, e também chegou a um acordo sobre o valor que será pago em relação aos alimentos.
“Escolher como ficará o nome dele é a primeira decisão que vocês tomam juntos a partir de agora. A outra é o acordo de alimentos e você, pai, deve colocar na balança o tempo que você foi ausente e o quanto fez falta para ele. Agora, é construir esta relação de pai e filho, dar carinho, amor e atenção”, aconselhou o defensor público Igor Raphael de Novaes Santos, que atua em Serrinha, durante a mediação do acordo de alimentos.
Quem também parecia pressentir o resultado era o lavrador Adriano Paixão, 30 anos, que durante a visita da Unidade Móvel aproveitou para levar os dois supostos filhos para realizarem o exame. O resultado de um deu positivo e o do outro deu negativo. “Eu tinha certeza, já entrei na sala dizendo que eu já sabia que um era meu filho e o outro não. Ainda dá tempo de correr atrás, de assumir meu papel de pai e é o que vou fazer”, prometeu o lavrador, fazendo jus à Ação Cidadã Sou Pai Responsável, promovida pela Defensoria.
Quem também não correu da responsabilidade de pai e decidiu já começar a pagar a pensão alimentícia daqui a três dias foi o aposentado José dos Santos, 84 anos. “De vez em quando, eu dou uma ‘besteira’, mas agora vamos definir e eu já vou começar a pagar logo a pensão”, adiantou o aposentado. “Ser pai não é só pagar a pensão, mas estar junto com o filho, levá-lo para passear e para a escola”, orientou a defensora pública Ana Elisa Spector Ribeiro, que também atua em Serrinha. Além dos defensores, o mutirão contou com o apoio dos servidores de Salvador e Serrinha.
Expectativa e nervosismo
A abertura dos exames estava agendada para às 9h, mas desde as primeiras horas do dia, os moradores de vários bairros de Araci e dos mais diversos povoados da zona rural não paravam de chegar à Secretaria Municipal de Assistência Social. A sala de espera do local ficou lotada e todos dividiam a mesma expectativa e nervosismo. “Chegou a hora de tirar esta dúvida”, resumiu o lavrador Nilson da Cruz, 32 anos, enquanto aguardava. Ao sair da sala, com o resultado positivo nas mãos, ele garantiu: “é um pai que nasce hoje para o filho de 14 anos. Nunca é tarde!”.