COMUNICAÇÃO
Articulando Redes apresenta experiência da Rede Gerar de Economia Solidária como meio de inclusão de pessoas com sofrimento psíquico
Experiência da Rede Gerar esteve no centro da roda de conversa que ocorreu nesta quarta-feira, 10.
Em seu mais recente encontro na tarde desta quarta-feira, 10, o projeto Articulando Redes da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA discutiu a economia solidária como meio para promover inclusão social entre pessoas com sofrimento psíquico. O debate foi marcado pela apresentação da experiência da Rede Gerar, primeira iniciativa de rede estabelecida no estado com este propósito.
Mediado pela doutora em Saúde Coletiva e assistente social da DPE/BA, Patrícia Flach, a roda de conversa virtual contou com a participação de agentes envolvidos nas iniciativas da Rede Gerar de Economia Solidária em Saúde Mental, que apresentaram um quadro das diversas atividades desenvolvidas pelo projeto, como oficinas, cursos de formação, teatro, entre outras.
A professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e coordenadora da Rede Gerar, Mônica Nunes, destacando o papel de práticas de autogestão que caracterizavam o ambiente de internos em hospícios e que, no entanto, historicamente permaneceram ocultas, defendeu que as práticas de econômica solidária são essencialmente antimanicomiais.
“Isso porque são práticas emancipatórias. Reconhecem o valor das pessoas e as suas capacidades, que elas não podem ser reduzidas a patologias. Muito pelo contrário, afirmam que elas são sujeitos, que têm plenos direitos e que no trabalho podem encontrar não apenas renda, como reconhecimento simbólico”, apontou Mônica Nunes.
Já Fabrício Carvalho, militante da luta antimanicomial e monitor da Rede Gerar, narrou bastante emocionado suas histórias de dificuldades e sofrimentos por conta do quadro de esquizofrenia e vulnerabilidade social que se encontrava até ser acolhido pelo projeto.
Apesar de críticas aos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, que em sua avaliação não são capazes de lidar com muitas situações de pessoas nesta condição, ele defendeu os CAPS contra as políticas de internação. “É preciso apostar nas redes CAPS também, porque não quero mais ser internado. Por mais que sejam assim [passíveis de críticas], a gente tem que lutar para que eles continuem”, disse.
A roda de conversa contou com a participação de outros parceiros e agentes da Rede Gerar e pode ser conferida na íntegra no canal do Youtube da Defensoria. Patrícia Flach diz que mais que “articuladores de rede, nós [os agentes e parceiros envolvidos na luta antimanicomial] somos fazedores de rede e multiplicadores dessa rede”.
Articulando Redes
Coordenados pela Equipe de Saúde Mental da Defensoria Pública e organizados com a participação de representantes de usuários e trabalhadores do campo da saúde mental, os encontros do Articulando Redes elegem temáticas para discussão a partir dos problemas de Saúde Mental identificados. A metodologia implementada permite a troca de experiências e a participação nos encaminhamentos propostos. Além disso, são convidados professores da área que apoiam a reflexão crítica e a produção de conhecimentos a partir das situações compartilhadas.