COMUNICAÇÃO
Assistidos do Pop Rua participam de oficina de Mídia Livre
Os encontros levarão a população de rua a produzir suas próprias formas de comunicação
“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”, artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Foi a partir deste entendimento que o Núcleo Pop Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizou nesta quinta-feira, 18, a primeira etapa da oficina “Mídias Livres: novas formas de comunicar, desafios e lutas”. A atividade será realizada em mais três encontros nos dias 24 e 31 de outubro e 11 de novembro, intercalando debates e partes práticas.
O termo “Mídia Livre” é conhecido como a produção, compartilhamento e distribuição de informações através de ferramentas ao alcance de qualquer cidadão. A assistente social da Defensoria, Sandra Carvalho, conta que o núcleo já vinha estudando formas de abordar com os seus assistidos a comunicação, tanto como direito, quanto como instrumento para visibilidade de suas lutas e pautas.
“A gente faz escuta de muitas violações de direito e a gente entende que se eles perceberem a importância da comunicação, eles podem produzir materiais e darem publicidade a essas violações a partir deste empoderamento”, explica.
O projeto saiu do papel com a chegada da estagiária de gênero e diversidade Jéssica Aquino, que ministrou a oficina. “Conversando aqui tivemos a ideia de oferecer as ferramentas através desta oficina para que as pessoas possam conhecer e contar o que elas querem e não apenas ter uma narrativa contada por outras”, disse.
Renata Luiza, liderança do Movimento de População de Rua em Salvador, acredita que as informações adquiridas irão ajudar a levantar questões que muitas vezes estão “escondidas e ocultadas”.
“Quando a comunicação é bem usada e tem o papel positivo de informar, educar e fortalecer, toda iniciativa é bem vinda. Foi um momento de informação, de agregação e que a Defensoria tome mais posturas como essa, que são bem vistas pelo movimento nacional de população de rua. A mídia deve ser parceira na busca de direitos!”, diz.
Neste primeiro momento, os participantes colocaram “a mão na massa” e aprenderam sobre o formato “fanzine”, publicação não profissional que pode ser feita a mão e reproduzida facilmente por fotocopiadoras.
“Entender como funciona a comunicação e conhecer coisas que parecem simples, como um fanzine, é interessante, por que às vezes a gente não tem palavras para expressar o que está acontecendo, mas temos outras formas. Essa oficina está sendo maravilhosa, por que estou tendo um outro olhar sobre as possibilidades de comunicação que a gente pode ter”, conta Silas da Silva.
Donizete Aparecido gostou do resultado dos trabalhos de todos os participantes e elogia: “Todos mandaram muito bem na elaboração das figuras e palavras, bem colocadas. Acredito que todos os objetivos de conquistar os espaços de direitos iguais é importante e o conhecimento é tudo, é uma riqueza pouco valorizada, gostaria que mais pessoas pudessem ter acesso a essa aula aqui”.
“Interessante e construtivo” é como Roque Nascimento classifica o momento e conta ainda que não tinha noção de que poderia ser produtor de informação.“O projeto incentiva as pessoas que são leigas a saberem que podem correr atrás dos seus direitos produzindo mídia. Eu não tinha esse conhecimento, que podemos ser produtores de mídia, de vídeo, de texto, de imagem, sem agredir a imagem do próximo e lutar pelos nossos direitos”, comenta.