COMUNICAÇÃO

Audiência pública aborda os impactos da construção da via Barradão – Paralela

16/05/2017 15:09 | Por Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499

Evento foi realizado no auditório da ESDEP e reuniu defensores públicos, moradores e representantes de diversas instituições.

Programa de habitação, realocação dos moradores, saneamento básico, construção de passarelas, escadarias, iluminação pública, ciclofaixas, pontos de ônibus, áreas de lazer e o acesso dos veículos dos moradores da própria comunidade. Estas foram as principais questões abordadas na audiência pública “Os impactos socioambientais causados pela construção da via de acesso Barradão – Paralela”, promovida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, na tarde da última segunda-feira, dia 15.
De iniciativa do Núcleo de Prevenção, Mediação e Regularização Fundiária da DPE/BA e realizado no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública – ESDEP, no bairro do Canela, o evento contou com a participação de moradores de Canabrava, integrantes da Associação Cultural e Esportiva da Comunidade de Canabrava – ACECC e representantes do Ministério Público do Estado da Bahia – MP/BA, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – Sedur, da Empresa Baiana de Águas e Saneamento – Embasa, da Comissão Especial de Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa – CEDURB, da Fundação Mário Leal Ferreira – FMLF, do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Bahia – IAB e professores da Universidade Federal da Bahia – UFBA e da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.
Na abertura da audiência, a defensora pública titular do Núcleo, Alexandra Soares, explicou o objetivo da audiência e contou que, após o início das obras, os moradores procuraram a Defensoria Pública em busca de orientação. “Os moradores relataram as questões de realocação, queda das vendas no comércio, supressão da Mata Atlântica e alagações, causadas pela interferência no curso do Rio Mocambo. Estamos reunidos e contamos com a presença de outras instituições para que, juntos, possamos ouvir a comunidade, definir medidas que podem minorar esta situação, saber como está atualmente e buscar um caminho para melhorar a vida destas pessoas”, orientou a defensora pública.
A arquiteta, urbanista e professora da UFBA, Nayara Cristina Amorim, apresentou o laudo técnico do local e mostrou, através de fotos e vídeos, como a obra está impactando a vida da comunidade. “Estamos tratando de uma obra de mobilidade urbana da cidade e precisamos olhar para a legislação. Não basta apenas construir uma via, é preciso olhar para as pessoas que estão no entorno e construir passarelas, calçadas, pontos de ônibus e ciclovia”, constatou Nayara Amorim.
Moradores reivindicam melhorias
Com as obras sendo realizadas perto de sua residência, a moradora Jeane dos Santos foi uma das primeiras a reivindicar melhorias. “Nosso bairro já foi muito machucado, devido ao lixão que tinha lá. Participar desta audiência pública, hoje, é um passo na luta por melhorias. Estamos vivendo um terror com esta obra. Cadê nosso lazer, nossa educação, nossa infraestrutura e nossa rede de esgoto?”, indagou a moradora. “A gente não é contra a obra, mas ela precisa trazer compensações para os moradores”, completou o vice-presidente da ACECC, Otávio Leme.
Com 3,5 quilômetros de extensão, a via pretende ligar a Avenida Paralela, na altura do bairro do Trobogy, à Rua Artêmio Valente de Castro, que fica próxima ao Estádio Manoel Barradas, o Barradão. “A ligação é necessária, mas o nosso bairro precisa ser respeitado. É preciso pensar nas pessoas, não somente no asfalto. Não temos, por exemplo, uma escola de ensino médio”, desabafou o morador do bairro há mais de 40 anos, Roque Couto Santos.
Encaminhamento
Como encaminhamento da audiência, foi agendada uma reunião operacional com os defensores públicos do Núcleo de Prevenção, Mediação e Regularização Fundiária, representantes da comunidade e das instituições envolvidas na construção da via para o dia 31 de maio, às 10h, na sede da DPE/BA, no bairro de Sussuarana/CAB. “O caminho da Defensoria Pública é o da mediação e estamos aqui para dialogar com todos os envolvidos nesta construção e chegar a uma solução viável para a comunidade”, finalizou a defensora pública, Bethânia Ferreira.