COMUNICAÇÃO
BOM JESUS DA LAPA – Segundo dia do Plantão da Defensoria na Romaria 2022 é marcado por roda de conversa sobre realidade vivida pelas comunidades quilombolas
Realizado durante toda a manhã, encontro reuniu defensores públicos e servidores da DPE/BA, representantes de diversas instituições e lideranças das comunidades
Se uma das tradições das comunidades quilombolas é o samba de roda, o que não podia faltar no segundo e último dia do Plantão da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA na Romaria de Bom Jesus da Lapa 2022 era a roda, mas de conversa.
Tendo a Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria, a UMA, como testemunha e com caixa de som e microfone para ampliar, ainda mais, as vozes das comunidades quilombolas e fazê-las ecoar por toda a cidade, o encontro foi realizado durante toda a manhã do dia 5 de agosto e abordou assuntos como a própria regularização fundiária e também ancestralidade, racismo, meio ambiente, violência, intolerância religiosa, organização dos territórios, educação, saúde, alimentação, saneamento básico, pertencimento e muito mais.
“Este é um atendimento coletivo, um momento de Rede e de apoio às comunidades tradicionais quilombolas do Velho Chico que tanto precisam de todas estas Instituições que fizeram parte deste encontro articulado – DPE, CDA, Inema, Sepromi, DPU e MPF. Quando encontramos pessoas que têm o mesmo pensamento e a mesma ideia, tudo flui. E este encontro fluiu! Aqui e em todos os atendimentos nestes quase quatro anos, os quilombolas nos mostraram que coletivo é muito mais do que grupo: é irmandade, é afeto, é acolhimento, é não-julgamento”, ressaltou, na abertura, a defensora pública Cláudia Costa de Jesus Conrado.
Os quilombolas mostraram também, durante o encontro, o orgulho que é ter uma representante ocupando um dos cargos mais importantes da cidade: a secretária municipal de Assistência Social, Juliana Vaz, do quilombo Araçá-Cariacá e que também é coordenadora da CONAQ – Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas.
“Saímos de um lugar de exclusão e ocupamos um espaço institucional, contrariando as estatísticas, quebrando estrutura, usando o quilombo como ferramenta potente de fazer política de outras formas e ocupando um espaço de poder e determinação na vida dos nossos. Eu tenho a responsabilidade de ser a voz de meu povo”, entendeu Juliana Vaz.
Da Defensoria, quem marcou presença na roda de conversa, além da defensora Cláudia Conrado, foram os coordenadores da área Não-Penal do Núcleo de Integração, que gerenciam as atividades da Unidade Móvel, Cristina Ulm e Gil Braga, a coordenadora da 8° Regional [sediada em Barreiras e que abrange Bom Jesus da Lapa], Laís Daniela Sambüc, o defensor público que atuam em Bom Jesus da Lapa, Fábio Oliveira, além dos servidores da unidade de Bom Jesus da Lapa, de Salvador e da Ouvidoria Cidadã.
Para encerrar o atendimento coletivo com chave de ouro e em homenagem a todos os quilombolas [que apelida, carinhosamente, de quilombelos e quilombelas] que lutam, dia após dia, o coordenador da CDA – Coordenação de Desenvolvimento Agrário e músico, Roque Peixoto, soltou a voz e cantou a sua música “Pessoas”.
“Que sobe e desce a ladeira, carregando uma lata na cabeça, depois de faltar água a semana inteira, pra variar. Mas não se desespera um só minuto, pois tem esperança que, no futuro, sua vida melhore disso tudo e a família possa alegrar. Eu sei que essas pessoas querem viver melhor, ter uma vida digna de viver, merecem mais que uma chance de sair da pior”, cantou Roque Peixoto, arrancando aplausos dos defensores públicos, servidores, representantes de diversas instituições que fizeram parte do atendimento coletivo e lideranças das comunidades quilombolas.