O plantão da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA na Romaria do Bom Jesus, na cidade de Bom Jesus da Lapa, chega ao segundo dia e mais 98 atendimentos entraram para a conta da Unidade Móvel de Atendimento da Instituição, que, nesta segunda-feira, 29, continuou estacionada na Praça Marechal da Fonseca, no centro da cidade, e movimentou o local desde as primeiras horas da manhã.

Quem também está “de plantão” desde que a esposa foi morar em outro estado com as duas filhas é o lavrador Valdenor Francisco dos Santos, 63 anos. “Estou há um ano, cinco meses e vinte dias sem ver as minhas filhas. Já fui em tudo quanto é lugar e ninguém faz nada por mim. O Bom Jesus iluminou vocês para virem para cá e a me ajudarem a ter o meu direito como pai”, contou o lavrador, que tenta obter a guarda das filhas.

Já a repositora Valdelice Rodrigues da Silva, 53 anos, quer garantir o direito da neta de ter o nome do pai. Ainda se recuperando da perda do filho, que foi diagnosticado com leucemia e faleceu há menos de um mês, a repositora encontrou forças para ir até à Unidade Móvel e reconhecer que o filho era mesmo o pai da pequena A.B.S., de 4 meses. “Tínhamos certeza que era dele, mas nossa esperança era que ele pudesse melhorar para ir no cartório fazer o registro. Não deu tempo, mas o que ameniza a minha dor é que ele deixou essa semente e me deu essa missão de reconhecer e registrar ela. Os dois se parecem tanto”, observava a vovó, enquanto enxugava as lágrimas.

“Se eles têm advogado bom, eu tenho a Defensoria”

O Dia dos Avós passou, mas o que não falta é vovó que faz de tudo pelos netos. E foi para ajudar financeiramente o neto que a aposentada Maria Cotinha Alves, 69 anos, contratou há três anos um empréstimo consignado, mas o que ela não sabia era que ia ter que pagar um valor quase seis vezes maior do que o contratado. “De R$ 13 mil, vou ter que pagar mais de R$ 70 mil. O valor foi dividido em 96 parcelas de R$ 795,44. Isso não existe, os juros são abusivos e o banco não aceita renegociar. Se eles têm advogado bom, eu tenho a Defensoria para lutar pelo meu direito de defesa”, relatou a aposentada.

A Defensoria vai lutar, também, pelo direito ao registro de nascimento tardio do lavrador Maciel Alves da Silva, 27 anos, que nunca teve nenhum documento. “Eu só ando com este Batistério [Certidão de Batismo]. Já fui no Fórum um rebanho de vezes e não consigo resolver . É uma coisa chata da bexiga isso: ter que sempre me explicar e correr o risco de ser parado na rua por não ter documento, não poder abrir uma conta no banco e nem ser atendido em hospital”, relatou, com o sotaque típico dos moradores da cidade de Sítio do Mato, que fica a 47 quilômetros de distância e integra a comarca de Bom Jesus da Lapa.

Time de plantão

Neste segundo dia do plantão na Romaria 2019, a Defensoria contou com um time de quatro defensores públicos – Ariana de Sousa, Cláudia Conrado, Marcus Vinícius Lopes de Almeida e Rafael do Couto Soares – e servidores de Bom Jesus da Lapa e Salvador. “A Unidade Móvel de Atendimento chegou para efervescer a defesa de direitos em Bom Jesus da Lapa! Neste segundo dia,  foram 98 atendimentos e, inclusive, conseguimos três liberdades provisórias. É só o começo! Teremos ainda muito trabalho até o dia 6 de agosto”, anunciou o defensor público Rafael do Couto Soares.

O plantão da Defensoria segue até o próximo dia 6 e a Unidade Móvel de Atendimento continuará estacionada na Praça Marechal Deodoro da Fonseca até o dia 6 de agosto, sempre das 8 às 16h.