COMUNICAÇÃO
Caminhos para a construção de uma cidade antirracista são discutidos pela Ouvidoria Cidadã em congresso virtual da UFBA
Evento foi realizado nesta quarta-feira, 24, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da TV UFBA
O Congresso Virtual Universidade em Movimento, da Universidade Federal da Bahia – UFBA, seguiu com a programação nesta quarta-feira, 24. Durante a manhã, houve a participação da Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública do Estado da Bahia, na sala K, para discutir o tema “Construindo caminhos para uma cidade antirracista”. Ligado à sociedade civil e gerido historicamente por mulheres negras com trajetórias em movimentos sociais, a Ouvidoria realizou no último ano seminários nacional e internacional para tratar sobre o direito à cidade e antirracismo e lançou o Grupo de Trabalho para tratar da questão.
Ouvidora-geral da Defensoria da Bahia, Sirlene Assis, comentou a importância da discussão sobre antirracismo nas universidades, pois são espaços de produção do conhecimento científico, e também comentou sobre a construção dos espaços urbanos que possam acolher a população ao invés de segregá-la. Neste ponto, destacou a iniciativa do Grupo de Trabalho em Defesa da Cidade.
“Ao construir coletivamente esse grupo com a universidade, com os movimentos sociais, movimento negro, com o movimento do Direito a cidade que luta por moradia, a Ouvidoria quer dizer que a Defensoria da Bahia está de portas abertas e quer pensar o Sistema de Justiça a partir de uma perspectiva coletiva. A Defensoria não só presta assistência jurídica, como é defensora dos direitos humanos”, afirmou.
Sirlene Assis comentou sobre o racismo estrutural que orientou a construção da sociedade brasileira, sobre os seus impactos para a população brasileira. Na ocasião, também relembrou uma reportagem do Fantástico no último domingo, 24, que investigou como funcionam os catálogos de suspeitos em delegacias pelo Brasil, onde, em muitos casos, o reconhecimento por fotografias é a única prova na hora de apontar um suspeito e, com diversas falhas, leva à prisão pessoas inocentes, em sua maioria homens negros.
Também destacou que é fundamental propor discussões sobre os espaços urbanos e o antirracismo no ambiente universitário e acadêmico, uma vez que a universidade é um espaço de construção e formulação do conhecimento científico. Também resgatou estudos que mostram o crescimento da extrema pobreza durante a pandemia, propondo reflexões sobre o perfil das pessoas mais acometidas com a pobreza, e ressaltou a importância do debate.
“É a população negra que está nas encostas de Salvador, que está desempregada, que vive o despejo todos os dias. São os indígenas, os quilombolas e a população ribeirinha. Essa mesa é construir paradigma de sonho a partir da pesquisa, da realidade concreta da militância. Quero dizer que a Ouvidoria e o nosso Grupo de Trabalho estão de portas abertas para receber sugestões para a construção dessa grande rede”, finalizou.
Em 2020, além da realização dos seminários sobre “Direito à cidade a partir de uma política antirracista”, a Ouvidoria Cidadã, por meio de Sirlene Assis, entregou aos candidatos à Prefeitura de Salvador um documento com diretrizes para viabilizar uma cidade inclusiva e menos desigual. A entrega foi realizada no dia 4 de novembro, durante o debate promovido pela Associação Bahiana da Imprensa – ABI em parceria com a Ordem dos Advogados da Bahia – OAB/BA.