Um curso de sensibilização para lidar com pessoas com autismo no ambiente de trabalho, por meio do Estágio Especial, foi realizado no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia – Esdep nesta terça-feira, 17. Ministrado pelo projeto Fantástico Mundo Autista – FAMA, o evento contou com a abertura do diretor da Escola, Clériston Cavalcante de Macedo, e visou informar sobre as principais características, limitações e potencialidades das pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA.

Presidente do projeto FAMA e ministrante do curso de sensibilização, Patrícia Teodolina afirmou que é fundamental para a dinâmica de trabalho junto a pessoas com autismo conhecer verdadeiramente o que é o respectivo transtorno a fim de desmistificar preconceitos e contribuir verdadeiramente para a inclusão e o desenvolvimento profissional da pessoa.

“A inclusão necessita do conhecimento e, na formação, é importante falar sobre o que dificulta não apenas o acesso, mas a permanência dessas pessoas no ambiente de trabalho”, explicou.

De acordo com dados trazidos por Patrícia Teodolina, presidente do projeto FAMA, 80% das pessoas com TEA estão desempregadas. Outro ponto é que 8,4% da população acima de dois anos de idade têm deficiência e apenas 1% dos postos de trabalho são ocupados por PCDs.

A segunda aula está prevista para acontecer em 24 de maio. Sobre a formação, Patrícia Teodolina também afirmou que outro benefício é mostrar para o público a importância da comunicação e apresentar outras possibilidades de interação com pessoas com autismo que não envolvam exclusivamente a fala.

Assistente social da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da DPE/BA e uma das participantes do evento, Eduarda Conceição lidou diretamente com um dos estagiários com TEA que ingressaram na Instituição por meio do Projeto FAMA e identificou a necessidade de participar da formação. A servidora destacou como pontos principais a importância de desmistificar o que é o autismo.

“É importante desmistificar, pois a pessoa com autismo têm dificuldades assim como nós também temos, então precisamos aprender não apenas a trabalhar com essas pessoas, mas aprender com elas no dia a dia e na vida, pois têm muito a nos ensinar, afinal de contas a limitação em não saber lidar é nossa, não deles”, afirmou.

Também é importante, para Eduarda Conceição, entender quais são as limitações e potencialidades de cada pessoa, bem como integrá-la ao máximo ao ambiente de trabalho, não apenas em termos de atividades, mas de conexões com pessoas.

“Viabilizar o contato da pessoa com autismo com várias pessoas e diversificar as relações contribui para a sua sociabilidade e dessa forma é possível desenvolver mais habilidades, e todos ao redor podemos aprender mais sobre esse universo, que é mesmo que o nosso ”, explicou a assistente social.

Estágio Especial para pessoas com autismo

Implementado em 2018, o Estágio Especial prevê a contratação de adolescentes e jovens com Transtorno do Espectro Autista – TEA no programa de estágio da DPE/BA por meio de parceria com o Projeto FAMA. Para Clériston Cavalcante, o Estágio Especial “está entre os projetos mais bonitos e importantes de Instituições do Sistema de Justiça e nós percebemos que outros locais já estão buscando implementar o estágio especial para pessoas com espectro autista”.

O projeto Estágio Especial obteve reconhecimentos importantes no Sistema da Justiça desde a sua implementação. São eles: o 2º lugar entre as práticas exitosas premiadas pelo XIV Conadep – Congresso Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (2019) além de ter sido finalista do Prêmio Innovare 2019, alcançando a segunda colocação. As premiações atestam a importância da iniciativa para o aprendizado dos jovens.