COMUNICAÇÃO

CARNAVAL 2011 – Cordeiros: eterna saga dos que sustentam a estrutura do Carnaval baiano

08/03/2011 22:52 | Por

Das correntes às cordas. A vereadora Leo Kret do Brasil (PR) repercutiu seu depoimento em meio ao cenário político ao falar da situação dos cordeiros nos circuitos, comparando ao trabalho destes ao dos escravizados, a bordo de navios negreiros. A constatação é unânime aos olhos minimamente atentos, e gritante para aqueles que militam em prol da melhoria das condições de trabalho destes pais, mães, avós, avôs, até mesmo adolescentes que seguram as cordas, limitando os espaços de cada bloco no Carnaval de Salvador.

“Pudemos acompanhar os maiores blocos dos circuitos do Carnaval e identificamos, mais um ano, a grande irregularidade desta festa que é o desrespeito às regras trabalhistas que regem a atuação dos cordeiros, no que se refere aos equipamentos de proteção individual”, pontua o defensor público, Gilmar Bittencourt que coordena a atuação de Direitos Humanos na Defensoria Pública. Ainda de acordo com o entendimento do defensor, fiscalização da Prefeitura é a ordem desta festa. “Não há mais o que se normatizar nem regulamentar neste Carnaval baiano, há que ser reforçada e – de fato – implementada a fiscalização na saída destes blocos, impedindo que seja iniciado o desfile caso todos os cordeiros não estejam devidamente equipados”, afirmou.

Por lei, os 215 blocos de Salvador devem equipar os cordeiros com os itens exigidos: chapéu, tênis, protetor solar e auricular, camisa, três litros de água e alimentação com duas caixas de suco de frutas. Os altos custos de tal “investimento” seriam os principais contra argumentos das agremiações para não seguir estas regras. Um abadá de um bloco em Salvador – dos mais procurados, como Camaleão, por exemplo, da banda Chiclete com Banana – chega a custar R$840 para cada um dos três dias do circuito no circuito Osmar. O bloco sai, em média, com três a quatro mil foliões diariamente.

A Defensoria Pública esteve itinerante nos circuitos, nos Postos dos Observatórios Raciais onde pôde identificar casos como idosos sob efeito de álcool, gestantes, idosas e até mesmo adolescentes menores de idade atuando como cordeiros, nenhum deles portava de forma completa o kit obrigatório acima descrito. Ao todo, quatro medidas administrativas junto à Sucom, que tem o papel fiscalizador da Prefeitura, foram feitas pelos defensores de Direitos Humanos em todo o plantão. Nenhuma resposta foi dada até então.