COMUNICAÇÃO

CARNAVAL 2012 – Blocos infantis são flagrados com adolescentes trabalhando como cordeiros

19/02/2012 2:54 | Por

A Defensoria Especializada da Criança e do Adolescente vem constatando, durante os três primeiros dias de Carnaval, irregularidades que já são corriqueiras na folia de momo, e tema de discussões de diversos órgãos durante o ano. Na manhã de ontem (17), os defensores em atividade itinerante no circuito Campo Grande/Sé encontraram um adolescente de 13 anos trabalhando como cordeiro do Bloco Happy. Já neste sábado (18), em nova inspeção, uma adolescente de 17 anos foi flagrada trabalhando como cordeira do Bloco Algodão Doce. O fato tem como agravante se tratarem de dois blocos infantis.

“Encontramos o adolescente fazendo “segurança” para o trio do Bloco Happy, pois o bloco era sem corda e apenas tinha proteção para separar o público do caminhão. Já no Algodão Doce, encontramos a adolescente trabalhando como cordeira. Encaminhamos os dois casos para a 1° Vara da Infância. Além disso, o bloco Algodão Doce saiu após o horário estabelecido em portaria, que é 12h para os blocos infantis” relatou a defensora Mariana Tourinho.

A utilização de mão de obra infantil pelos vendedores ambulantes também foi identificada pelas defensoras Hélia Barbosa, Maria Carmen Novaes, Mariana Tourinho, Liana Conceição, Claudia Ferraz e Eliana Reis nos circuitos do Carnaval. “Ao chegarmos na Rua Chile e no entorno da Ladeira da Montanha, encontramos crianças em situação de vulnerabilidade, a exemplo de muitas dormindo no chão e sem identificação. A situação indicava que elas estavam acompanhadas dos pais desde a noite anterior, que alegam não ter onde deixar os seus filhos”, declarou Helia Barbosa, subcoordenadora da Especializada da Infância e do Adolescente,

Na Castro Alves, famílias inteiras estavam com crianças ajudando na venda de bebidas alcoólicas e com verdadeiros acampamentos armados para que os filhos dormissem nos locais de trabalho. “O certo é que elas estejam em lugar seguro, em casa ou em abrigos, já que o Estado e prefeitura oferecem o serviço, embora muitas mães alegam não confiar no sistema de creches disponibilizado pela prefeitura ou pelo Estado. Desde quinta-feira estamos observando que o sistema de garantia de direitos não está atuando como deveria” disse Helia Barbosa, ressaltando que a forma humanizada como a equipe da Defensoria vem abordando as pessoas tem facilitado o diálogo e orientação.

As mães questionaram a distância dos postos onde as crianças podem ficar enquanto trabalham dos circuitos: “não tenho nenhuma condição de deixar meu filho em Canabrava ou na Lapinha, postos onde fiquei sabendo que posso deixar meu filho. Além de ser muito distante, não tenho tempo de sair da Rua Chile para ir até lá e buscá-los tarde da noite”, declarou Maria Santos, vendedora ambulante.