COMUNICAÇÃO

CARNAVAL 2012 – Defensoria declara apoio ao projeto antibaixaria

20/02/2012 23:32 | Por

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O Projeto de Lei da deputada Luiza Maia, propondo que o governo não patrocine artistas e bandas que tenham em seu repertório músicas depreciativas à figura da mulher, ganhou um reforço de peso nesta segunda-feira (20), penúltimo dia do Carnaval de Salvador. Durante a tradicional Mudança do Garcia, que este ano completa 65 anos na avenida, a Defensoria Pública levou às ruas o apoio à causa.

Segundo a defensora pública Firmiane Venâncio, do Núcleo da Mulher, a proposta da parlamentar se identifica com o trabalho desenvolvido pela Defensoria. “Temos um núcleo especializado na questão, e entendemos que, embora seja uma violência simbólica, essas músicas são uma forma de violentar a mulher”, avalia a defensora, para quem “combater o machismo exige a união de todas as instituições”.

Com os defensores e servidores no cortejo, ostentando uma faixa com a frase “Defensoria valoriza a mulher e apoia o projeto antibaixaria”, a instituição tornou pública a sua posição com relação à aprovação da proposta que tramita no legislativo baiano. Autora do projeto, a deputada Luiza Maia considerou fundamental o engajamento da Defensoria, para fortalecer o combate à baixaria nas letras de músicas, coibindo essa prática vista por ela como nociva e desrespeitosa.

“Ter a Defensoria Pública do nosso lado é uma demonstração de que a campanha de combate à desvalorização da mulher ganhou uma forte colaboração. A sociedade está cansada de ver a imagem da mulher denegrida. Essa prática chegou ao seu limite”, avalia Maia. Para ela, a mulher baiana tem o direito de viver em uma sociedade que a valorize e respeite.

“É preciso por fim a esse tratamento depreciativo. A aprovação dessa matéria é necessária, para que a mulher resgate sua auto-estima e deixe de ser vista como um objeto sexual”. Luiza Maia admite que a aprovação de seu projeto esbarra em sérias resistências. Mas diz que isso não a intimida e aposta que a conquista de apoios como o da Defensoria e de outras instituições – como a Vara da Mulher do Tribunal de Justiça – que desenvolvem um trabalho voltado para assegurar o bem estar e resgatar o respeito à mulher, serão capazes de demolir as resistências.

A deputada acredita que o fato de a Defensoria ter encampado a campanha antibaixaria representa um forte aliado para estimular outras instituições e levar os deputados baianos a apreciarem o seu projeto com um olhar “feminino”, voltado para suas mães, filhas, mulheres e irmãs. “Assim, certamente vamos conquistar a simpatia deles para aprovar a proposta”.

A defensora Firmiane Venâncio concorda com a deputada Luiza Maia que considera uma contradição o governo investir em instituições que têm como foco a defesa dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, financiar bandas e artistas que incluem no repertório músicas que desrespeitem o direitos da mulher. “Isso é andar na contramão”, sentencia Maia.

É assim que pensa também o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, para quem o projeto é uma “boa agenda para abrir a discussão sobre a necessidade de elevar a rica cultura baiana”. Ele entende que músicas cujo conteúdo deprecia a figura feminina nada acrescentam. Pelo contrário, arranham a imagem da Bahia, considerada o berço da cultura brasileira. “O projeto vai resgatar a importância da cultura baiana no cenário nacional. Vamos ganhar. É bom ver a Defensoria Pública engajada nessa luta, porque isso fortalece o movimento”, reforça.

Outra que destacou a importância da presença da Defensoria na ação realizada durante a Mudança do Garcia foi a secretária de Políticas para as Mulheres, Lúcia Barbosa. “A secretaria já comprou esta briga. Ver a Defensoria caminhando ao nosso lado é importantíssimo, porque não só respalda a questão legal da proposta, como fortalece a causa”, diz.