COMUNICAÇÃO

Carnaval 2017 – Casos de flagrantes de violência doméstica crescem em relação a 2016

27/02/2017 15:05 | Por

“Isso nada mais é do que misoginia”. Esse é o desabafo de M.H.M.C*, mulher, lésbica, 26 anos, natural de Mato Grosso, desempregada que foi agredida pelo ex – companheiro durante o Carnaval 2017. Ela que tem uma filha de quatro anos, tomou coragem e procurou a ajuda da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA nesta segunda-feira, 27, durante o Plantão da instituição no Canela.

M.H.M.C* já vinha sofrendo violência há três anos. De acordo com ela, que não tem família em Salvador, o ex – companheiro também já estava agredindo a filha com tapas que derrubavam a criança no sofá. A assistida contou ainda que se encorajou para buscar ajuda por acreditar que algo de mais grave poderia acontecer com a criança: “Teve gente que me desencorajou, usando o argumento de como seria minha vida depois daqui, mas tenho que proteger a minha filha também”, complementou.

“Verificamos que no domingo e na segunda, de todos os crimes flagranteados, a violência doméstica foi responsável sozinha por mais de 1/4 dos flagrantes que chegaram à Defensoria Pública e ao sistema de justiça. Para mim, isso significa que as polícias estão de fato dando uma atenção diferente aos casos de violência doméstica e familiar cometida contra a mulher e, mais que isso, que as mulheres estão acreditando no funcionamento da rede durante o carnaval e estão prosseguindo no processo de denúncia contra seus agressores. A força dos serviços e sua eficácia geram confiança por parte das mulheres”, destacou a coordenadora do Plantão do Carnaval 2017 da Defensoria Pública da Bahia, Firmiane Venâncio

 

 

 

 Assessora técnica da Coordenação de Políticas para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Laís Paulo, que tomou conhecimento da situação vivida por M.H.M.C* através das redes sociais e a levou até a Defensoria para que fossem tomadas as medidas cabíveis contou que a cidadã teve dificuldades até chegar a DPE.

“Um grupo de feministas ao ficar sabendo acionaram a Polícia, ligaram também para o 180, mas não conseguiram finalizar a ligação. A Polícia chegou depois de duas horas, não tiveram uma abordagem humanizada e nem próximo daquilo que o serviço deve ofertar”, contou a assessora.

A subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Eva Rodrigues, explicou as próximas medidas a serem tomadas: “A assistida será encaminhada até a Casa de Passagem e eu irei acompanhá-la até a DEAM para fazer o boletim de ocorrência. Além disso, outras medidas serão tomadas como a questão protetiva e a pensão alimentícia”. No final da tarde, a medida protetiva foi ajuizada em favor da assistida.