COMUNICAÇÃO
CARNAVAL 2023 – Catadores(as) e ambulantes relatam à Defensoria desafios enfrentados para trabalhar no circuito Dodô
Relatos foram ouvidos durante itinerância realizada neste domingo, 20
Na manhã deste domingo, 19, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA esteve mais uma vez no circuito Dodô, em Ondina, para escutar os catadores e catadoras de materiais recicláveis, bem como ambulantes, sobre condições de trabalho e apoio direcionado aos trabalhadores. Os trabalhadores solicitaram o aumento da quantidade de refeições servidas aos trabalhadores e ampliação do horário de distribuição dos alimentos.
“A gente pega o café da manhã, um almoço e dois lanches. Mas a gente trabalha a noite toda, nós enchemos esse saco todo de latinhas, mas a comida não alimenta porquê vem pouca. Se ao menos nos desse uma janta, já melhoraria a situação”, relatou uma das catadoras à DPE/BA.
Subdefensora-geral, Firmiane Venâncio afirmou que há um fluxo a ser aprimorado para o próximo Carnaval. “Precisamos fazer esse alinhamento para que não haja uma distância muito grande entre uma refeição e outra. Então, nós vamos dialogar com o município, levantar todas as informações para que, no próximo Carnaval, não exista tanto desgaste para os trabalhadores”.
Durante a fiscalização realizada no circuito Dodô, a Defensoria também divulgou a campanha deste ano – “Ambulantes, catadores(as) e cordeiros(as): valorize quem dá show no carnaval” – com foco nos trabalhadores e trabalhadoras da folia. Na ocasião foram distribuídos adesivos para ambulantes além de realizada a escuta aos trabalhadores.
Entre eles esteve Everaldo Alves dos Santos, 59 anos, que chegou em Ondina na última quarta-feira, 15, para vender bebidas já no tradicional “abre-alas” do Carnaval de Salvador. “Aqui eu fico até a quarta-feira de cinzas”, afirmou. Enquanto os foliões se divertem, Everaldo trabalha e, após a festa, dorme e faz as suas refeições no mesmo local.
“A gente dorme e acorda aqui. Hoje choveu e molhou as nossas coisas [colchão, lençol], aí colocamos para secar. Aqui mesmo eu como, passam vendendo a quentinha e eu compro, né, porque não posso ficar com fome”, relatou Everaldo.
O vendedor ambulante também explicou que enfrenta dificuldades para fazer as necessidades fisiológicas no Carnaval. “Quando a gente precisa fazer necessidades, tem que andar muito, porque não tem mais banheiro químico aqui perto, temos que andar muito. O isopor nós deixamos com outras pessoas, precisamos pedir aos colegas para cuidar da mercadoria”, desabafou o ambulante.
Defensora pública e coordenadora de Direitos Humanos, Eva Rodrigues também defendeu a ampliação do diálogo com o município no sentido de implantar espaços de acolhimento para abrigar também os vendedores ambulantes que, hoje em dia, ainda dormem nos circuitos.
“A gente pensa em iniciar um trabalho de construção de política para prover o acolhimento institucional dessas pessoas. Nós sabemos que vai ser um desafio muito grande alocá-las [em um Centro de Convivência], mas deixar de discutir essa questão não é uma possibilidade. Precisamos pensar na segurança e no descanso desses trabalhadores”, afirmou Eva Rodrigues.