COMUNICAÇÃO
CARNAVAL 2023 – Defensoria visita centro de apoio e associações para ouvir demandas de catadores de materiais recicláveis
Distribuição de quatro refeições e chuveiros para banho estão entre os serviços ofertados pelo centro de Ondina; catadores pedem ampliação do horário de funcionamento.
A notícia de que existe um lugar para descansar, se alimentar e tomar banho durante o Carnaval começa a se espalhar entre os catadores. Nesta sexta-feira (17), o movimento era tímido no Centro de Apoio para Catadores de Materiais Recicláveis, em Ondina, mas crescia à medida que o boca a boca ganhava força. Com o objetivo de ouvir as demandas desses trabalhadores e verificar a qualidade do serviço ofertado, a Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) fez uma vistoria no local e visitou associações de catadores em diversos bairros.
O defensor público Alex Raposo e a defensora pública Milca Araújo conferiram como funciona, por exemplo, a distribuição das quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. O centro também tem uma área de convivência e descanso, dois banheiros com chuveiros e um posto de saúde para fazer testes rápido de covid, além de encaminhamentos para consultas médicas. “Nos pareceu que o centro tem tudo para funcionar bem. Iremos reportar algumas necessidades e demandas, mas será um local importante para os catadores durante o Carnaval”, disseram os defensores.
Entre as reinvindicações dos catadores está a ampliação do horário de funcionamento do centro, que nesse momento atende a população entre 6h30 e 18h. “A gente tem que aproveitar os horário que o pessoal tá bebendo para catar. Depois que o circuito acaba não tem mais latinha. Onde a gente vende as latinhas é muito longe e quando a gente chega de volta o horário aqui já fechou”, explicou Tatiana Alves Simões, 37 anos, que mora em Lauro de Freitas e está se virando entre abrigos e a própria rua durante o Carnaval.
“A gente dá Graças a Deus que esse ano tem esse centro de apoio, um lugar pra tomar um banho e se alimentar, mas a gente pede que esse horário seja um pouco maior”, insiste Tatiana. Os catadores desejam que o centro funcione entre 4h e 18h. “Acredito que a gente consiga um meio termo nesse horário junto à prefeitura”, confia o defensor Alex Raposo. Ele e a defensora Milca Araújo reportaram o caso à coordenação da Especializada de Direitos Humanos da Defensoria. Esta, por sua vez, irá oficiar a Prefeitura com a sugestão.
EPIs
A supervisora do centro, Raquel Cabral, informou que os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – luvas e protetores solares e auriculares – são ofertados à medida que os (as) catadores (as) realizam o cadastro e as cooperativas disponibilizam os nomes. “Tá tendo transtorno lá no cadastro com as cooperativas. Por isso estão mandando aos poucos”, disse Raquel, que ainda espera um maior movimento no local.
“Mandamos equipes nas ruas para anunciar a existência do centro. Eles não estavam sabendo, mas temos certeza que esse movimento vai aumentar muito”, disse a supervisora. Alguns dos vcatadores que apareceram aprovaram a qualidade do espaço e das refeições. “Não tem do que reclamar, não! Está ótimo!”, disse Carmelice de Lima, 54 anos, logo depois que garantir o seu café da manhã.
A supervisora também chamou a atenção e demonstrou preocupação com a quantidade de crianças que muitas vezes acompanham os catadores. O defensor Alex Raposo sugeriu que, nesses casos, os pais e responsáveis fossem comunicados sobre a existência dos Centros de Acolhimento, Aprendizagem e Convivência (Caacs), que são preparados para receber crianças e adolescentes filhos e filhas de catadores e também de ambulantes durante o Carnaval. A supervisora explicou que boa parte deles é resistente a deixar as crianças nos Caacs. “Eles não querem ficar sem a crianças, mas vamos insistir sobre essa necessidade”, disse Raquel Cabral, que é da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Seprome).
Associações
Ao longo de todo o dia, a Defensoria visitou associações de catadores em Salvador para saber quais necessidades eles enfrentavam nesse momento. Umas delas fica localizada justamente no Nordeste de Amaralina, que tem um dos Carnavais de bairros mais fortes da capital baiana. Ali, o Centro de apoio aos catadores, mantido pela Associação dos Agentes Ambientais Coleta Cidadã ainda tentava funcionar a pleno vapor. Faltava luz para que a balança pudesse ser ligada. Além disso, os EPIs ainda não haviam chegado.
Diferente do Centro de Apoio da Prefeitura, em Ondina, os catadores do Nordeste também não terão acesso à alimentação, por exemplo. “Infelizmente, esse ano não tivemos alimentação e nem água”, lamentou a catadora Maria Gorete de Loiola. A Defensoria deve intermediar com o poder público o acesso a alimentos e aos equipamentos de proteção.