COMUNICAÇÃO

Catu – Unidade Móvel visita cidade e caso de idosa considerada morta é um dos destaques

23/10/2017 22:10 | Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499

O atendimento aos moradores foi realizado durante todo o dia, no Centro Administrativo da cidade

“Como é que eu posso estar morta se estou aqui? Alguém me ‘bota’ para morrer, mas eu nunca tive aquelas doenças todas que escreveram, não sinto nada e nem remédio preciso tomar. Tanto estou viva que vim atrás para resolver isso”. As palavras da doméstica Maria de Lourdes Simões, de 88 anos, mostram que, pela segunda vez na história da Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA é registrado mais um atendimento a assistidos que estão vivos e foram declarados mortos e ainda tiveram os benefícios da aposentadoria suspensos. O caso foi descoberto nesta segunda-feira, 23, durante a visita da Unidade Móvel à cidade de Catu.

A certidão de óbito atesta que a dona Maria de Lourdes faleceu em maio de 2002, na cidade de Planaltina, no Distrito Federal, e que ela deixou nove filhos. “Não sei nem para que lado fica essa cidade e nem nunca pisei os pés lá. Até filhos, que só tenho dois, me arranjaram nove. Trabalhei a vida toda para ter meu dinheirinho na velhice e, agora, fiquei velha e suspenderam meu dinheiro. Já tentei resolver em vários lugares e nada, mas quando soube que esta carreta estaria aqui eu vim atrás “, relatou a doméstica, durante o cadastro da triagem. As causas da ‘morte’, de acordo com o atestado de óbito, foram insuficiência cardíaca congênita, pneumonia, insuficiência renal aguda, etilismo crônico e hipertensão arterial. “Até doença de quem bebe cachaça me inventaram. Eu nunca bebi na vida”, ressaltou.

Por falar em carreta, o soldador José Francisco de Sena, 61 anos, compara o peso e porte do veículo com o divórcio consensual que vem tentando resolver com a ex-mulher há mais de cinco anos. “Vim aqui para tirar este peso das costas. Vivemos muitos anos juntos e depois que oficializamos parece que desandou. Este papel fez toda a diferença”, disse, com a certidão de casamento nas mãos, enquanto aguardava a chegada da ex-esposa, que mora na zona rural de Catu. “Esta é uma oportunidade única para nós. Pegue um ônibus aí e venha”, chamou o soldador, por telefone.

O que a Defensoria Pública não sabe é que a repercussão do trabalho da Unidade Móvel atrai até os baianos que moram em outros estados e chegam a enfrentar quilômetros de distância para não perder a “oportunidade única”. Foi o que aconteceu com o aposentado Ivan Aderbal de Souza, que saiu de Aracaju, em Sergipe, onde reside atualmente, e veio para Catu especialmente para fazer o exame de DNA para reconhecer a paternidade de sua suposta filha de quatro meses, que mora na cidade com a mãe. “Ela é a minha cara, mas diz o ditado que ‘quem vê cara não vê coração’ e aí eu prefiro ter a certeza. Se for minha mesmo vou registrar logo e não vou deixar que aconteça o que aconteceu comigo, pois meu pai nunca me registrou”, revelou.

Essencialidade

Nascida em Salvador, mas criada em Catu, a coordenadora executiva das Defensorias Regionais em exercício, Cristina Ulm, foi a autora do pedido da Unidade Móvel na cidade. “Catu já teve Defensoria Pública por muitos anos e, hoje, é uma das cidades que mais nos enviam ofícios solicitando defensores. Hoje, estamos aqui atendendo a esta comunidade, da qual minha família faz parte”, explicou a defensora, que recebeu a visita da mãe e da irmã durante o atendimento e aproveitou para apresentá-las as dependências da Unidade Móvel.

Quem também esteve presente foi o prefeito de Catu, Geranilson Requião, e a secretária de Ação Social, Jussara Campos. A Prefeitura Municipal da cidade deu apoio logístico para a realização da ação.

Esta itinerância também contou com a participação dos defensores públicos Camile Morais, Ricardo Carillo e Márcio Marcílio, que coordena a Unidade Móvel, e dos servidores de Salvador e Alagoinhas.

“Foi um dia muito positivo, no qual pudemos conhecer as demandas e necessidades da população de Catu. A procura pelo atendimento reforçou a necessidade da Defensoria estar presente de forma fixa aqui, mas a utilização deste equipamento móvel no oferecimento dos serviços da Defensoria já é uma presença e serve para mostrar a essencialidade desta Instituição, que é muito importante para a popopulação carente”, destacou o coordenador Márcio Marcílio.