COMUNICAÇÃO
Com colaboração de intérprete de libras, Defensoria realiza divórcio consensual e extrajudicial de casal de surdos
Com o objetivo de aprimorar o atendimento dos que se comunicam por libras, a DPE/BA já realizou duas edições de curso para servidores e defensores
Um inabitual divórcio foi realizado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia em Camaçari nesta terça-feira, 11. Surdos, Joalba da Silva e Luciano de Freitas Rodrigues finalmente conseguiram, com o auxílio da intérprete de libras Gladys dos Santos Araújo, realizar a separação consensual com partilha de bens e fixação de alimentos por vias extrajudiciais e sem muitos trâmites burocráticos.
Para o defensor público e coordenador da 7ª Regional da Defensoria com sede em Camaçari, Daniel Soeiro, o sucesso do gesto só foi possível pela intervenção voluntária da intérprete de libras que atesta a necessidade do conhecimento da língua de sinais para a inclusão deste público.
“É preciso que se diga que só conseguimos fazer o divórcio porque o próprio assistido indicou a intérprete que havia se voluntariado para colaborar. Este divórcio consensual representa a inclusão dessas pessoas, que se sentem tratadas com igualdade ao acessarem a Defensoria e realizarem um expediente como qualquer outro assistido”, comentou Daniel Soeiro.
Pedagoga e intérprete da língua de sinais, Gladys dos Santos, que realizou a mediação da separação consensual, diz que as instituições públicas e as grandes concessionárias de serviços deveriam oferecer uma verdadeira inclusão.
“Considero um absurdo que os surdos não encontrem inclusão e acessibilidade nas instituições públicas e nas grandes concessionárias de serviços, pois consideram que poderão comunicar-se com estas pessoas por mímica ou por papel escrito. A grande maioria dessas pessoas não tem instrução porque também as escolas não ofereceram e seguem, em sua maioria, não oferecendo intérpretes para esta formação”, disse Gladys dos Santos.
Gladys dos Santos é voluntária da Associação de Surdos de Camaçari, que oferece uma intérprete para acompanhar os surdos em atendimentos de serviços que estes precisam realizar. Ainda para o defensor público Daniel Soeiro, a Defensoria deve ser ocupar ainda mais com a capacitação de servidores e defensores na língua de sinais.
“Esta capacitação é importante para lidarmos com estas situações. Hoje este público cada vez mais tem nos procurado e só a ausência desta capacidade técnica é que impede o acesso. Contornar isso é um tema que vem sendo estudado pela administração”, disse Soeiro.
CURSO DE LIBRAS
Com o objetivo de aprimorar o atendimento aos assistidos que se comunicam por língua de libras, a DPE/BA já realizou duas edições de curso da língua de sinais para servidores e defensores. Realizado por meio da Escola Superior da Defensoria Pública – Esdep, o curso busca capacitar servidores a compreender os aspectos biológicos, socioculturais e linguísticos de assistidos surdos, mudos ou deficientes auditivos e a compreender os usos de Libras em situações cotidianas.
Os cursos foram oferecidos em 2012 e 2016 para defensores e servidores, da capital e do interior do estado, entre eles psicólogos, assistentes sociais e profissionais que prestam atendimento direto à população.