COMUNICAÇÃO
Comissão formada com moradores do quilombo Quingoma analisará impactos de obras da Via Metropolitana
Encontro articulado pela Defensoria Pública da Bahia deverá ocorrer na própria comunidade, no próximo dia 19
Uma comissão formada por lideranças da comunidade de Quingoma – em Lauro de Freitas, Defensoria Pública, Secretaria de Infraestrutura do Estado – Seinfra, Concessionária Bahia Norte, Fundação Palmares, Incra, Iphan, CDA, Inema e Câmara de Vereadores da cidade analisará os impactos sociais, ambientais e as eventuais desapropriações que poderão ocorrer no Quingoma. A comunidade remanescente de quilombolas será uma das afetadas pela construção da Via Metropolitana Camaçari-Lauro de Freitas, que deverá ligar a rodovia CIA-Aeroporto (BA-526) à Estrada do Coco (BA-099).
O acordo foi firmado durante audiência pública promovida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizada na Câmara de Vereadores de Lauro de Freitas. Insatisfeitos com o atual traçado do projeto que corta a comunidade, moradores do quilombo afirmavam que não permitiriam a entrada de técnicos da concessionária para o cadastramento físico e social dos imóveis que poderão ser desapropriados. A Bahia Norte, por sua vez, informou não poder apresentar um plano adequado de desapropriação e reassentamento por não ter tido acesso ao local.
Por se tratar de comunidade certificada pela Fundação Palmares como comunidade quilombola, moradores do Quingoma rejeitam o licenciamento dado pelo Inema para início das obras, e a tese defendida pela Bahia Norte de que as obras não trarão impactos financeiros aos moradores e significará geração de empregos, melhoria no acesso das pessoas que precisam utilizar a Linha Verde e parceria na elaboração de projetos sociais. A possibilidade de elaboração de novo traçado fora da localidade não foi descartada pelos representantes da concessionária. Antes, porém, a área deverá ser demarcada para que a empresa saiba exatamente qual é a poligonal da comunidade.
Após intenso debate entre representantes da Bahia Norte, lideranças do Quingoma, representantes de secretarias estaduais, vereadores e outros presentes, o defensor público Gilmar Bittencourt, propositor da audiência, destacou a necessidade de diálogo entre as partes para a resolução do impasse. Ele propôs a formação de um grupo responsável pelas negociações a serem feitas a partir de agora, maior participação de outras secretarias estaduais – e não apenas da Seinfra – com foco na resolução do conflito e transparência nas ações a serem desenvolvidas, sobretudo às comunidades que serão afetadas com as obras. Além do quilombo de Quingoma, o projeto atingirá as comunidades do Capelão, Parque São Paulo e Catu de Abrantes.
Um novo encontro, desta vez na própria comunidade, foi marcado para a próxima terça-feira, 19, com a presença da Defensoria e demais integrantes da comissão.
VIA METROPOLITANA CAMAÇARI – LAURO DE FREITAS
De acordo com o governo do Estado, a nova via oferecerá uma alternativa mais rápida no acesso ao Litoral Norte da Bahia através da Linha Verde, reduzindo o tráfego de veículos na região central de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Orçada em 220 milhões de reais e com previsão de conclusão em 18 meses, a via trará, entretanto, impactos ambientais à região, já que atingirá a Área de Proteção Ambiental – APA Joanes Ipitanga. As obras foram licenciadas pelo Inema em dezembro do ano passado.
No que diz respeito aos impactos sociais, de acordo com a concessionária, por ter sido considerada área de utilidade pública a partir de decreto estadual publicado em maio de 2014, as eventuais desapropriações, mesmo em área certificada como quilombola, são legais.