O atendimento da Defensoria Pública à população em situação de rua e o cenário de preconceito e exclusão vivido no dia a dia dessas pessoas foram discutidos na Conferência Pop Rua na Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia – ESDEP, na sexta-feira, 21. Os defensores públicos baianos e de outros estados do Brasil participaram do evento, que também contou com a presença de líderes do Movimento de População de Rua.

“A Defensoria Pública não fala da população em situação de rua sem ela. Pautamos nossas atividades e atuações em favor dos direitos desse segmento a partir do que eles querem. Como fizemos um Encontro Nacional de Defensores para tratar de atuação estratégica para a população de rua, pela tarde, decidimos começar os trabalhos pela manhã, ouvindo as pessoas em situação de rua, através de suas lideranças”, disse a defensora pública e coordenadora da Equipe Pop Rua, Fabiana Miranda.

O representante do Movimento Nacional de População de Rua na Bahia, Beto Franzisko, expressou o desejo que a população em situação de rua pretende alcançar: “Queremos políticas públicas de qualidade para que a pessoa seja reintegrada a sociedade, para que ela venha a ser um cidadão de direito e tenha acesso à educação, trabalho e lazer”. Samuel Rodrigues do MNPR de Minas Gerais pontuou um dos muitos problemas vividos pela população em situação de rua: a questão das crianças que são retiradas das mães. “De um lado é dito que as crianças não podem viver nas ruas. Porém, do outro lado a lei garante que a criança tem direito ao convívio familiar”, disse Rodrigues.

Representante do Movimento Nacional de População de Rua no Distrito Federal, Maila Feitosa destacou a Defensoria Pública como uma parceira do Movimento de Rua. De acordo com Maila, muitas pessoas que viviam em situação de rua conseguiram ter uma vida mais digna com a colaboração da Instituição. Já Leonildo Monteiro do Movimento Nacional de População de Rua do Paraná atentou para importância de os defensores públicos ouvirem as demandas da população em situação de rua: “É um ganho para nós ouvirem nossas demandas, mas queremos muito mais. Por exemplo, temos que discutir as violências sofridas pela população em situação de rua”.

“Mais do que nunca precisamos afirmar a interlocução com os movimentos sociais. Esse deve ser o espaço de lembrarmos o quanto é importante que se pense no desafio sobre habitação e trabalho em relação à população em situação de rua”, concluiu a ouvidora-geral da DPE/BA, Vilma Reis.

Na ocasião, o defensor público geral, Clériston Cavalcante de Macêdo e a defensora-chefe da Defensoria Pública da União na Bahia, Charlene da Silva, assinaram convênio para que as instituições atendam em parceria a população em situação de rua na unidade da DPE no Canela. (Leia notícia clicando aqui)