COMUNICAÇÃO
Congresso brasileiro discute direito urbanístico em meio a emergências sanitária, climática e social
Evento segue até esta quarta-feira, 15, no auditório da UcSal, em Salvador, e conta com apoio da Defensoria da Bahia e sua Escola Superior.
Iniciado nesta segunda-feira, 13, o XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico discute políticas públicas e acesso humanizado à cidade no auditório da Universidade Católica de Salvador, localizada em Pituaçu. Realizado pelo Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico – IDBU, o evento conta com a participação da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, apoiadora juntamente com a Escola Superior, já na mesa de abertura, onde foi destacada a importância da Instituição como local de garantia de direitos.
Defensor público com atuação em Lauro de Freitas e conselheiro fiscal do IBDU, Gilmar Bittencourt apontou que o Brasil vive um período de intensa deterioração de direitos, cujo ponto de partida foi o ano de 2016. “Nós passamos por uma rápida perda de direitos e a Defensoria Pública é o lugar onde essa realidade transborda de uma forma absurda. Em uma cidade como Lauro de Freitas, onde atuo, há mais de três ocupações [de terras], as pessoas não têm mais para onde ir e encontram na Defensoria um lugar para buscar seus direitos”, afirmou Gilmar Bittencourt.
O defensor público comentou ainda sobre a importância da realização do XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico para dialogar com a sociedade a respeito da produção de conhecimento e da busca de alternativas para a construção de cidades humanizadas.
Sobre tais questões e diálogos, Gilmar Bittencourt destacou a representatividade e a diversidade como pontos fundamentais e, em sintonia com o que foi dito por outras(os) integrantes da mesa, a exemplo da vereadora de Salvador Maria Marighella, alertou que é preciso estar atento(a) às movimentações nas Casas Legislativas. “Temos aprendido na Defensoria, no IBDU e com outras pessoas que farão parte deste evento, que precisamos, cada vez mais, de representatividade. Prestar atenção no que vai acontecer, nos próximos passos do Legislativo”, alertou.
Com atuação nacional, o IBDU é uma organização da sociedade civil voltada para a defesa do direito à cidade, à moradia, que produz conhecimento técnico e científico na área de direito urbanístico. Atualmente, o IBDU está presente em 21 estados brasileiros e conta com mais de 300 profissionais, pesquisadores(as) e estudantes.
Diretora-geral do IBDU, Fernanda Carolina Costa afirmou que o Instituto assume um papel mais efetivo de ator político e que o respectivo congresso vem para discutir a desordem urbanística, emergência climática, sanitárias e sociais.
“Queremos fazer uma análise dos desmontes que sofremos, que as políticas públicas têm sofrido, as alterações legislativas, os vários desastres que estão acontecendo e que não são por acaso”, explicou Fernanda Carolina Costa, a qual destacou que tais acontecimentos têm sido intensificados no contexto da pandemia de Covid-19.
Para a representante da Articulação de Movimentos e Comunidades do Centro Antigo, Linda Kayongo, o direito à cidade constitui-se em uma integralidade de direitos e que as comunidades localizadas no centro histórico são constantemente ameaçadas de extinção. “A gentrificação promovida pelo poder público e a especulação imobiliária fazem com que aumente o nosso custo de vida, o IPTU, o valor do pão e do aluguel, a realização das remoções forçadas”, denunciou Kayongo.
A mesa de abertura foi composta ainda pelo(a) defensor público e presidente da Adep-BA, Igor Raphael Santos; reitora da UCSal, Silvana Sá de Carvalho; vereadora Maria Marighella; promotor de Justiça, Yuri Lopes de Melo; professora de Direito Urbanístico da UEFS, Adrian Lima; representante da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, Paolo Pelegrino; União Nacional de Moradia Popular, Marli Carrara; Lincoln Instituto of Land Policy, Martim Smolka; o Fórum Nacional pela Reforma Urbana, Socorro Leite.
Também participaram do primeiro dia do evento a defensora pública Rebeca Lima e Silva (Ipiaú), os defensores públicos Raphael Varga Scorpião (Ipiaú), Bruno Aguiar (Ipirá), Hélio Soares (Gaets, Brasília) e João Tibau (Camaçari).
Oficina – defesa em conflitos fundiários
Nesta terça-feira, 14, entre 14h e 17h, a defensora pública estadual Bethânia Ferreira – integrante do Núcleos e Prevenção, Mediação e Regularização fundiária na cidade de Salvador – será uma das facilitadoras da “Oficina 5: Estratégias de defesa de conflitos fundiários urbanos: experiências das defensorias públicas e assessorias populares“.
O XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico segue até esta quarta-feira, 15, no auditório da UcSal.