COMUNICAÇÃO
Congresso Infância: Roda de Conversa acontece com a presença de adolescentes das medidas socioeducativas
A roda de conversa foi intitulada de “Papo Reto” Crianças e Adolescentes
Após a abertura e a palestra magna do primeiro dia do VI Congresso Nacional de Defensores Públicos da Infância e Juventude, os congressistas foram contemplados com a Roda de Conversa – “Papo Reto” Crianças e Adolescentes, com a participação de dois adolescentes que cumprem e um que já cumpriu medida socioeducativa em Salvador.
Foi explanado a história de cada adolescente presente na mesa, o divisor de águas que a Case de Salvador representa na vida deles e suas expectativas para o futuro. O objetivo da conversa, consistiu também, em mostrar e dar voz para estes adolescentes e assim fazer com que sua realidade seja enxergada sob a ótica da dignidade e do respeito.
Além dos três adolescentes, compôs a mesa da Roda de Conversa, o gerente da Comunidade de Atendimento Socioeducativo João Paulo Moura Ferreira, que presidiu a mesa, assim como o defensor público da Bahia Bruno Moura, e o coordenador egresso da Fundação da Criança e do Adolescente – Fundac, Gabriel Teixeira, ambos moderadores da mesa.
Para o gerente da Comunidade de Atendimento Socioeducativo João Paulo Moura Ferreira, a roda de conversa teve o intuito de dar voz aos adolescentes que estão na medida socioeducativa, algo que, em sua opinião, é de fundamental importância para eles que vivem diariamente a condição de estar interno. “É impar para nós esta participação. Dar voz a estes adolescentes consiste em termos consciência das reais implicações das nossas ações na vida deles e consequentemente avaliar o produto que nós estamos transformando”, afirmou.
O coordenador egresso da Fundac, Gabriel Teixeira, conversou sobre a medida socioeducativa na vida dos jovens: “para muitos adolescentes, a medida é a única possibilidade de sobrevida. Infelizmente, nós temos, atualmente, uma realidade de extermínio da juventude, sobretudo, da juventude negra. Então compreendemos que a medida socioeducativa é protetiva, também. Precisamos, em conjunto com a sociedade, criar estratégias para minimizar o risco de envolvimento de jovens e adolescentes com o crime. E compreender que os determinantes sociais da violência existem e precisam ser tratados por todos. Nós precisamos lutar muito”.
Socioeducandos
A Roda de Conversa também contou com três perspectivas diferentes: um adolescente que está iniciando a medida socioeducativa, outro que está no processo de finalização e o terceiro que é o egresso. A partir do terceiro adolescente, é possível e interessante, também, observar as condições pós aplicação destas medidas.
O jovem que compôs a mesa, K.E.F., cumpre a medida socioeducativa há um ano e seis meses e mostrou-se satisfeito com a Case de Salvador: “Está me oferecendo muitas coisas, cursos como os de informática e encanador, além de aulas de música e lazer”.
Já o adolescente I.D.S., que foi liberado da medida há dois anos, finalizou sua explanação deixando uma mensagem para o público: “cuidem dos jovens, pois eles são o futuro do país”.
O defensor público da Bahia e um dos mediadores da mesa, Bruno Moura, explanou sobre a relevância da Defensoria Pública nestas medidas, afirmando ter um papel fundamental, tanto no procedimento que aplica a medida, como na execução delas. “ A Defensoria participa deste procedimento e faz atendimento destes adolescentes nas unidades, sempre no intuito de garantir os direitos deles, que estão privados de liberdade dentro das unidades de internação”, destacou.
Neste mês, a Case de Salvador, que é resultado da Fundac e Governo da Bahia, está com mais de 200 adolescentes finalizando a medida socioeducativa. A Roda de Conversa finalizou com a banda da Case de Salvador, que cantou as músicas “Amor de Índio” e “Quero Ser Feliz Também” de Beto Guedes e Natiruts, respectivamente.