COMUNICAÇÃO
CORONAVÍRUS – Defensoria recebe mais de 2.500 formulários sobre a falta de água e busca solução com a Embasa
Preenchimento aponta que os moradores de 106 bairros de Salvador e de 64 municípios da Bahia não tinham água nas residências
Dos 163 bairros de Salvador, 106 deles tiveram uma incidência maior no número de relatos sobre a falta de abastecimento de água durante esta pandemia do coronavírus. É o que apontam os moradores nos mais de 2.500 formulários recebidos pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA e que foram destacados no ofício expedido pela Instituição para a Empresa Baiana de Águas e Saneamento – Embasa verificar os casos e apresentar medidas para minimizar a falta de retomada do fornecimento nestas localidades.
“Considerando esta pandemia causada pela Covid-19, a necessidade de água vai muito além do consumo: ela é fundamental para a higienização das mãos e dos objetos potencialmente contaminados, evitando, assim, o risco de contágio e a disseminação do coronavírus. Nosso objetivo, com a disponibilização deste formulário para a população, foi mapear as localidades que estavam sem água e buscar uma solução com a Embasa”, explicou a coordenadora da Especializada Cível da DPE/BA, Ariana Sousa.
O formulário continua disponível no site da Defensoria, mas na primeira fase de levantamento dos dados, de 30 de março ao dia 12 de abril, mais de 2.500 formulários foram preenchidos e enviados pela população com relatos sobre a falta de água nas suas residências na capital e no interior. A partir desta primeira coleta, a Instituição, que já tem um Termo de Ajuste de Conduta – TAC – firmado com a Embasa para evitar o corte por falta de pagamento, iniciou as tratativas para minimizar os problemas no abastecimento de água nas residências e bairros apontados pelos moradores nos formulários.
Religação de água
Entre os ofícios expedidos pela Defensoria com os relatos de cada um dos casos recebidos, estava o da religação de água na residência da assistida Gilmara Ribeiro de Oliveira, 48 anos, que está desempregada e mora no bairro do Jardim Lobato, subúrbio de Salvador.
“Moro com dois filhos, um deles tem deficiência e requer muito mais cuidados, e dois netos. As contas aqui de casa sempre vieram no valor de uns R$ 100,00, mais ou menos, e eu sempre paguei na data certa. Mas, desde outubro do ano passado, as contas passaram a ter um valor cinco ou seis vezes maior do que eu costumava pagar, eu não entendi o porquê deste aumento e, como não tinha como pagar, a água foi cortada”, relatou a assistida, que teve o corte de água efetuado pela Embasa no mês de fevereiro deste ano, quando surgiu o primeiro caso de coronavírus no Brasil.
Assim que soube do formulário disponibilizado pela Defensoria, a assistida não pensou duas vezes e acessou o site da Instituição para preencher o documento e contar sua situação. Para sua surpresa, após a atuação da DPE/BA, a água foi religada. “Agora, já tenho água nas torneiras. Estava muito difícil passar por situação do coronavírus sem um pingo de água em casa”, lembrou a assistida, acrescentando que contou com a ajuda da irmã e dos vizinhos para conseguir os baldes com água para ela e toda família.
Capital e interior
Em Salvador, só na região em que mora a assistida Gilmara, e que abrange o Lobato, a Boa Vista do Lobato e a Bela Vista do Lobato, muitos moradores enviaram o formulário para a Defensoria. Além disso, entre os moradores da capital que também relataram estar sem “um pingo de água em casa” estavam os dos bairros de Cajazeiras, Plataforma, Marechal Rondon, Periperi, Mussurunga, Valéria, Pirajá, Alto do Cabrito, Itapuã, Jardim das Margaridas, Itacaranha, São Cristóvão, Canabrava e muito mais.
Já na Região Metropolitana de Salvador – RMS – e no interior, foram relatados que falta água em Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, São Francisco do Conde, Madre de Deus, Elísio Medrado, Camaçari, Alagoinhas, Inhambupe, Mata de São João, Canavieiras, Seabra, Itaparica, Jacobina, Feira de Santana, entre outras cidades.