COMUNICAÇÃO

Cultura do antiestupro: o que elas querem

29/07/2016 23:48 | Por Dilson Ventura - estagiário

Audiência Pública da Defensoria Pública conclamou as mulheres a dizerem não à cultura do estupro

O que as mulheres querem? Na audiência pública promovida pela DPE/BA ficou evidente, mediante as falas de mulheres de diversas instituições representadas no evento, que é combater a cultura do estupro vinda de qualquer atitude cotidiana que agride a liberdade sexual da mulher. Para isso é preciso pensar formas de enfrentamento à cultura do estupro no país.

Para Camila Pimentel, gestora social da Euzaria, é preciso que unidades de acolhimento sejam criadas pelo município. "Claro que a discussão no âmbito estadual é importante, mas precisamos ter um olhar prioritário para as nossas mulheres soteropolitanas. É importante a presença de representações da prefeitura nessas reuniões. É preciso saber como as pessoas vítimas de estupro querem ser atendidas", disse.

De acordo com a defensora pública Roberta Braga, a triagem feita pelo NUDEM para saber se uma mulher sofreu violência sexual não é um processo fácil de obter resultados. "Na maioria dos casos as mulheres têm medo ou vergonha de dizer claramente se é vítima de estupro ou se estão sofrendo alguma violência psicológica. Isso dificulta a especificidade dos casos para que possamos ajuda-las. Quando a sociedade civil abraça a ajuda da Defensoria, fica mais fácil lutar contra a cultura do estupro", alertou.

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Segundo Ansyse Cynara Teixeira Ladeia, estudante de Direito e estagiária da 1ª Vara de Violência Doméstica e Família contra a Mulher, "é de extrema importância discutir cultura do estupro aberto ao público, porque é um assunto que ainda hoje atinge muitas mulheres e é necessário que exista uma cultura nova, não só de forma social, mas também no espaço jurídico. Acho interessante a ideia de unir forças da sociedade com o Estado para lutar juntos", avaliou.

A subcomandante da Operação Ronda Maria da Penha, a capitã PM Paula Queirós, informou que as equipes policiais são feitas de pessoas humanas que também erram, mas que trabalham com a intensão de acertar no atendimento às vitimas de estupro e que seria importante à presença de educadores na audiência pública. "Essa cultura do estupro precisa ser combatida desde cedo na vida das crianças em formação social. Acho que os educadores deveriam também ser convidados para essa reunião", considerou.

Já para Tânia Palma, representante da Rede de mulheres Negras da Bahia, o que precisa aumentar é o número de mulheres na política. "Se não temos políticas públicas para atender ao povo, os serviços das instituições públicas vão acabar. O que está posto é que os líderes municipais são majoritariamente homens. Precisamos colocar mais mulheres na política", disse.