COMUNICAÇÃO
Defensoria assina acordo que prevê atendimento para portadores de transtornos mentais
Conjugar esforços para aprimorar os meios necessários para execução de medidas que protejam os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Esse é o objetivo principal do Termo de Cooperação Técnica, assinado na manhã de hoje (1), pela Defensoria Pública do Estado da Bahia; Ministério Público estadual; Tribunal de Justiça; Secretaria de Administração; Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado da Bahia; Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza; Secretaria de Saúde do Estado da Bahia; Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia. O evento contou com a presença da ministra Eliana Calmon, corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que também assinou o Acordo.
O Termo visa implantar o "Programa de Assistência às Pessoas com Transtornos Mentais na Bahia" para que sejam aprimorados os meios necessários a uma efetiva e adequada execução das medidas de segurança, voltadas para o atendimento da política anti-manicomial, conforme Lei nº 10.216. Para isso, o acordo prevê a criação e manutenção de um Núcleo interdisciplinar auxiliar do Poder Judiciário para os casos de pacientes sub judice que possuem enfermidades mental. A previsão é que atuem no Núcleo 10 psicólogos; 5 assistentes sociais e judiciais; bacharéis em Direito e estagiários das áreas, a fim de auxiliarem na promoção da reinserção social do paciente judiciário.
A defensora pública geral do Estado da Bahia, Maria Célia Padilha, declara que "essa iniciativa visa adotar ações de política anti-manicomial, permitindo um tratamento diferenciado para pessoas com transtornos mentais e que usam substâncias psicoativas, permitindo, assim, o retorno ao convívio social da forma adequada". Quando da assinatura do termo, a ministra Eliana Calmon, afirmou que "lamentavelmente ainda existem cabeças que pensam isoladamente, não reconhecendo a importância do trabalho em conjunto. Nenhuma instituição pode sobreviver se não estiverem aliadas. Somente estabelecendo parcerias como estas estaremos fortes e faremos um Estado melhor", afirmou. Para o procurado geral de Justiça, " o isolamento institucional não pode acontecer. Esse ato não se esgota numa iniciativa protocolar, mas sim deve está permeada em esforço contínuo para alcançarmos o objetivo, que é dar um tratamento humanitário ao indivíduo".
Pacto pela Vida
Na oportunidade, foi realizada a 7ª reunião da Câmara Setorial de Articulação entre os Poderes, do Pacto pela Vida, na qual, entre outros pontos de pauta, a defensora pública Cinara Peixoto apresentou e foi aceita pelos presentes a proposta do Programa de atenção integral aos usuários de substâncias psicoativas que se encontram no Complexo da Mata Escura, em Salvador. "Em todas as unidades temos o problema da dependência química e com esse programa pretende-se levar para o complexo prisional a possibilidade do tratamento, o que resultará na oportunidade de um novo modelo de vida. O uso da droga é o fator propussor da criminalidade e se não tratarmos as pessoas, a reincidência continuará, pois muitos querem se tratar, mas não conseguem sozinhos", pontuou Cinara.
De acordo com a defensora geral esse projeto teve sua ideia inicial no Curso de Substâncias Psicoativas desenvolvido pela Defensoria Pública por entender essa necessidade. "Nas unidades judiciárias cerca de 80% dos presos são condenados e quando da condenação, em nenhum momento, vem um laudo apontando que a pessoa é portadora do vício . Esse projeto visa indicar se é um caso de tratamento ou prisão, o que é essencial para analisar até que ponto ele é um criminoso, um traficante e merece prisão ou se tratamento", disse Célia Padilha.
A defensora Fabiola Marguerita, que também esteve presente no evento, junto ao Coordenador das Especializadas da Defensoria na capital, Ricardo Carillo, reforça que projeto piloto foi levado para a Comissão, a fim de se levantar as discussões de uma situação antiga, na qual não se apresentam soluções. "A gravidade é a eterna reincidência do indivíduo por que a motivação para o cometimento de crime é sustentar a dependência. Se ele não é tratado, a motivação é perene". A proposta será desenvolvida pela Comissão que será composta por defensores públicos; pela Secretaria de Saúde; de Administração e Secretaria de Estado de Administração Penitenciária e apresentado ao governador do Estado para avaliação.