Em virtude de denúncias de maus tratos recebidas por parte de idosos, a Defensoria Pública do Estado da Bahia, através da Defensoria Especializada do Idoso, representada pela defensora Maria Célia Nery Padilha, realizou uma vistoria ontem, quarta, 17, à sede do Grupo Assistencial Vida e Saúde (GAVS), em Boa Vista de São Caetano.

Padilha foi acompanhada de representantes da Vigilância Sanitária, do Programa de Saúde da Família e constatou o estado de humilhação a que os idosos estão sendo submetidos com as condições precárias da casa: leitos ocupados por pessoas de ambos sexos, despensa de alimentos permanentemente vazia, ausência completa de critérios mínimos de higiene.

A defensora pública Maria Célia Nery Padilha apontou ainda a falta de espaço de deslocamento para os idosos, principalmente entre as macas onde repousam os abrigados nos quatro quartos da instituição. Em um dos cômodos, por exemplo, são sete macas e um espaço reduzido entre estes. "Isso aqui é um absurdo. Como os idosos podem se deslocar?", questionou a defensora.

A diretora da instituição, a enfermeira Neuza Rodrigues Torres, foi pega de surpresa pela visita da equipe e rebateu as acusações, alegando que "faz tudo por amor, que mantém o abrigo já há vários anos e que o imóvel possui estatuto". Segundo a defensora Maria Célia Nery Padilha, o abrigo é ilegal, não tem registro e, caso o estabelecimento não se adapte às condições impostas pela Defensoria Pública, poderá ser fechado. Além disso, Neusa também poderá ser citada numa ação civil pública por descumprimento do Estatuto do Idoso.

A Defensoria instaurou um procedimento de investigação preliminar para apurar a denúncia, que envolve 28 idosos que vivem no GAVS. A maior parte dos abrigados é encontrada nas ruas, encaminhada por assistentes sociais ou abandonada em hospitais. "Nós cuidamos de pessoas carentes independente de terem documentação ou não", disse a diretora da instituição, que também é suspeita de estar usando os benefícios dos idosos em benefício dela.