COMUNICAÇÃO

Defensoria forma multiplicadores de Direitos Humanos para população de rua

03/07/2019 19:58 | Por Júlio Reis - DRT/BA 3352

Com participação de pessoas em condição de rua, curso de formação tem objetivo de enfrentar preconceitos, violência institucional e melhor atender os que vivem nestas circunstâncias

Composta por profissionais que lidam diretamente com pessoas que vivem nas ruas, a primeira turma de multiplicadores de Direitos Humanos para a população nesta situação iniciou na tarde desta quarta-feira, 3, seu processo de avaliação na Escola Superior da Defensoria – Esdep.

São cerca de 50 técnicos e especialistas em assistência social, agentes de segurança, psicólogos, enfermeiras e trabalhadores em geral que lidam com pessoas neste contexto de vulnerabilidade e direitos violados e atuam no centro histórico de Salvador, local com maior concentração deste público na capital.

Coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa “Situação de Rua, Cidadania e Direitos Humanos”, a assistente social da Defensoria Sandra Carvalho, explica que nesta fase os participantes passam a apresentar estudos de casos concretos para avaliar como a formação inicial impactou na intervenção prática deles.

“No primeiro momento, foram oferecidos minicursos discutindo temas transversais como saúde mental, classe, raça e gênero entres os que estão em situação de rua. Além do papel educador do multiplicador e também a perspectiva própria dos que serão assistidos, já que o curso conta com pessoas que vivem nesta situação, sobre como deve se dar a abordagem e o acolhimento”, disse Sandra Carvalho.

A formação dos multiplicadores busca promover conteúdos e experiências para que estes profissionais possam propagar os diversos conhecimentos com outros profissionais e interessados. O objetivo é contribuir com o processo que enfrente os preconceitos, a violência institucional, a discriminação e atender melhor aos que vivem nestas circunstâncias.

Para a defensora pública Fabiana Miranda, que coordena o Núcleo Pop Rua da DPE/Ba, há uma complexidade de fatores que levam e mantêm as pessoas na ruas e é preciso construir o caminho que faça com que as pessoas deixem-nas.

“Uma liderança que já saiu das ruas, mas tem uma trajetória nesta situação, disse que não teve assistentes sociais, mas ‘insistentes sociais’. Uma rede que não desistiu dele e, num dado momento, com este suporte, houve uma oportunidade para deixar a condição. A intenção por meio deste projeto é, também, constituir os fatores que possam retirar as pessoas das ruas, conforme elas estejam preparadas para sair”, comentou Fabiana Miranda.

Para a multiplicadora em formação e enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Marta dos Santos, o curso ajuda também a construir uma rede que facilita o percurso de acesso a serviços para os que vivem com as vulnerabilidades da situação. Marta atua atendendo usuários de álcool e outras drogas que vivem nas ruas.

“Além disso, aumentou meu aprendizado quanto à questão de como deve se dar o acolhimento dessas pessoas e como deve ser encarada a questão social que está por trás da história delas. Facilitou minha aproximação com elas”, acrescentou Marta dos Santos.

Projeto piloto, esta é a primeira turma de multiplicadores de conhecimento na área de Direitos Humanos, para e sobre a situação e características da população de rua, formada pelo Grupo de Pesquisa “Situação de Rua, Cidadania e Direitos Humanos”.