COMUNICAÇÃO
Defensoria lança cartilha de prevenção ao idadismo, em referência ao Junho Violeta
Em auditório com mais de 250 estudantes, a DPE discutiu preconceito relacionado ao idoso (a), em evento marcado por apresentação teatral, roda de conversa e distribuição de cartilha informativa
Com a presença de mais de 250 estudantes, a Defensoria Pública da Bahia realizou o lançamento da cartilha “Idade não é o problema, idadismo sim”, nesta terça-feira (11), no auditório do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia), em Salvador. A atividade integra as comemorações do Junho Violeta, mês de intensificação das ações de prevenção e combate à violência contra a pessoa idosa.
O evento, voltado à conscientização sobre o preconceito relacionado à idade e suas consequências cotidianas, contou com apresentação do grupo de teatro da Uati (Universidade Aberta da Terceira Idade), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb-BA), e roda de conversa com os professores co-autores da cartilha, Larissa Picianato e Marcus Vinícius Oliveira.
Para a coordenadora da Especializada de Proteção à Pessoa Idosa da DPE-BA, Laise de Carvalho, o objetivo da realização do evento em um espaço repleto de jovens é justamente promover educação em direitos e fomentar a intergeracionalidade. “O idadismo é uma forma de preconceito e também de violência. Nesse sentido, é preciso quebrar os estigmas e os mitos associados à idade, para que todos possam entender que a velhice é uma etapa da vida e não necessariamente sinal de doença ou perda de autonomia”, afirmou.
Os coautores da cartilha reforçaram a importância do material, que pode servir de referência, inclusive, para ações de formação de profissionais da educação e da saúde. “A gente tentou trazer um conjunto de questões para estimular as pessoas a pensarem no envelhecimento e o quanto ele está entrelaçado a outros problemas e preconceitos. A gente passa a vida inteira ouvindo que envelhecer é sempre um lugar de perda, mas é preciso refletir se, na nossa sociedade, envelhecer é um direito ou um privilégio”, comentou a professora doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Larissa Picianato.
Ela faz parte do Observatório do Idadismo (projeto de extensão universitária), junto com Marcus Vinícius Oliveira, também coautor da cartilha e professor de fonoaudiologia da Ufba. “É importante pensar sobre esse tema, de modo que diferentes idades possam conviver sem preconceitos”, opinou.
Em sua participação na roda de conversa, a assistente social da Especializada do Idoso, Lorena Silva, compartilhou algumas situações vividas pela equipe da DPE. “A gente trabalha com questões intrafamiliares e acaba observando que muito desse conflito de gerações acontece por preconceito mesmo. Muitas desavenças se dão apenas porque cuidadores e familiares não ouvem a pessoa idosa e não respeitam o que ela quer, mesmo ela estando em situação de plena sanidade”, afirmou.
A coordenadora das Defensorias Especializadas da Capital, Donila Fonseca, também esteve presente ao evento.
Várias frentes
A Defensoria atua em várias frentes em relação aos direitos da pessoa idosa, tanto judicial quanto extrajudicialmente. A coordenadora da Especializada, Laíse de Carvalho, explica que há vários tipos de violência envolvendo os idosos: psicológica, patrimonial, física, entre outras. “Além da adoção de ações judiciárias, como medidas de proteção e afastamento do lar do agente violador, nós fazemos muitas mediações, a fim de que familiares, cuidadores ou pessoas próximas entendam e cumpram os direitos dos idosos e idosas”, afirmou.
Ela explicou ainda que as violências diminuem, a partir do momento em que as pessoas conhecem esses direitos. “As pessoas idosas estão tendo mais consciência dos seus direitos e, a partir do momento em que estão sendo violadas, sabem que podem procurar a Defensoria”, completou.
A assistente-social da DPE, Lorena Silva, conta que a Especializada, quando recebe denúncias, faz visitas domiciliares e busca conversar com a pessoa idosa e seus familiares/cuidadores. “Vemos casos que misturam idadismo com machismo, como, por exemplo, quando mulheres que já são viúvas querem se relacionar com outras pessoas, principalmente parceiros mais jovens. Também há casos de violência patrimonial, quando a família faz empréstimos em nome do idoso e não quita o débito ou quando toma posse do cartão bancário do idoso. Há ainda formas de constrangimentos, quando o(a) idoso(a) quer sair para se divertir ou dançar”, detalhou.
Mais informações
A cartilha “Idade não é o problema, idadismo sim” tem uma versão digital, que está disponível no site da Defensoria (clique aqui). Os projetos editorial e gráfico, mais a produção, foram realizados pela Assessoria de Comunicação da Defensoria (Ascom-DPE). As ilustrações são de Antonio Felix. O projeto gráfico de Aline Sales e a revisão de texto de Moysés Suzart.
Quem quiser mais detalhes sobre o idadismo, pode acessar o perfil do Observatório no Instagram: @observatoriodoidadismo.
* Fotos: Mateus Medina (ASCOM-DPE)