COMUNICAÇÃO
Defensoria marca presença em debate sobre lutas e perspectivas das mulheres negras após abolição da escravidão
Evento antecipou as reflexões pela passagem do Dia da Mulher Afro-Latino Americana e Caribenha, que será no próximo dia 25 de julho
Temas como resistência, luta, representatividade e empoderamento da mulher negra estiveram em destaque na manhã desta sexta-feira, dia 20, em Salvador, e a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA não podia ficar de fora. A Instituição marcou presença no debate “Trajetórias de Luta e Perspectivas das Mulheres Negras Pós-Abolição”, promovido pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia – Sepromi – em parceria com a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres – SPM.
Realizado no auditório do Teatro Jorge Amado, no bairro da Pituba, o evento antecipou as reflexões pela passagem do Dia da Mulher Afro-Latino Americana e Caribenha, que será no próximo dia 25 de julho. “Estamos aqui para resgatar o conteúdo histórico das mulheres que nos antecederam. Nós não estamos paradas. Precisamos mover o Brasil”, incentivou, durante a abertura do evento, a secretária estadual da Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Fabya Reis. “Ter a Defensoria Pública presente a este debate e, em especial, o defensor público geral em exercício, Rafson Ximenes, prova que a luta contra o racismo e o machismo não é só das mulheres, mas dos homens também”, acrescentou a secretária, ainda durante a abertura.
“Estamos aqui para contribuir, colaborar e aprender. A Defensoria Pública defende o fortalecimento e o empoderamento de todos os grupos sociais marginalizados ou vulnerabilizados. Este debate trata de um grupo que une, por si só, várias causas de opressão e discriminação: são mulheres que, ao mesmo tempo, são discriminadas por serem mulheres, por serem negras e por serem pobres”, destacou o defensor público geral em exercício, Rafson Saraiva Ximenes.
Passado, presente e futuro
Na primeira parte do debate, a advogada e presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia – OAB/BA, Maíra Vida, falou sobre a Lei da Abolição da Escravidão, as injustiças socioculturais, econômicas e políticas, democratização, Constituição Federal, direitos das mulheres e as desigualdades de gêneros. “Nós, mulheres, precisamos nos legitimar pelas nossas falas e argumentos. Não viemos a passeio. Não podemos descuidar do presente, pois corremos o risco de comprometer o futuro. No passado, as nossas antecessoras já fizeram a parte delas e, agora, está na hora de fazermos a nossa”, ressaltou a advogada.
A segunda convidada para debater sobre o tema, a psicóloga, filósofa e coordenadora de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial da Unesco, Edna Roland, também abordou a Lei da Abolição da Escravidão, falou sobre o que é racismo e apresentou dados comparativos sobre trabalho, educação, saúde, violência doméstica, pobreza e encarceramento de mulheres negras no Brasil. “Precisamos pensar na possibilidade de uma lei que supere a Lei Áurea, instituída em 13 de maio de 1888. Precisamos de uma lei que, realmente, apresente as condições para que possa existir igualdade e cidadania em todos os espaços da vida social”, sugeriu a filósofa.