COMUNICAÇÃO
Defensoria media conflito entre policiais e moradores em Vitória da Conquista
Em meio ao clima de tensão e violência em Vitória da Conquista, a Defensoria Pública do Estado tem buscado a mediação do conflito entre moradores e policiais militares. Nesta terça-feira, 2 de fevereiro, a instituição solicitou a apuração das denúncias de seqüestro, assassinato e invasão de domicílios no bairro Alto da Colina a partir dos termos de depoimento de parentes de vítimas desaparecidas e moradores.
A medida foi definida após uma reunião realizada no 9º Batalhão da Polícia Militar, solicitada pelo Coronel Ivo Silva Santos e com a participação de diversas instituições. Uma sindicância foi aberta para investigar as denúncias de que homens armados, encapuzados e em veículos sem identificação teriam invadido casas e seqüestrado quatro adolescentes com idades entre 15 e 17 anos.
De acordo com a subcoordenadora da Regional de Vitória da Conquista, Josefina Marques, cerca de 50 moradores do bairro e parentes das vitimas desaparecidas buscaram a Defensoria Pública na última segunda-feira, 1º, para denunciar a violência no local. Atendidos pela defensora pública Kaliany Gonzaga, os moradores relataram que a situação teria tido inicio após a morte de um policial militar, no dia 28, assassinado no bairro após reagir a uma abordagem de bandidos.
A Defensoria também orientou e acompanhou a apresentação do adolescente que é apontado pela Polícia Militar como suspeito do homicídio. "Juntamente com o Ministério Público, representantes da OAB e do Poder Judiciário, apresentamos o adolescente ao juiz titular da Vara da Infância e Juventude, que o encaminhou provisoriamente ao presídio regional, em cela separada e isolada dos demais internos", afirma Josefina.
Constrangimento - Na reunião, a Defensoria também protocolou uma representação ao Comando do Policiamento Regional Sul, para investigação da postura de ameaça e intimidação por prepostos da Polícia Militar. "Cerca de 10 policiais se postaram na frente da sede da Defensoria e do Ministério Público, sob alegação de que estariam averiguando a apresentação do suspeito", relata o defensor Marco Aurélio Campos.
A presença dos policiais não havia sido solicitada pelas instituições e, segundo Josefina Marques, o adolescente não tinha contra si qualquer denúncia formalizada ou mandado de busca e apreensão que legitimasse ação policial naquele momento. "A atitude de membros da corporação na tentativa de intimidar as representações do Estado Democrático de Direito causaram desnecessário constrangimento às instituições", avalia a subcoordenadora.
Diante das denúncias, o Coronel Ivo Silva Santos afirmou que os prepostos agiriam sem autorização do Comando da Polícia Militar. "O Comando não aceita atitudes desta natureza. Os fatos serão apurados e punidos exemplarmente, desde que sejam confirmadas as denúncias e identificados os seus autores", assegurou o coronel.