Oferecer às mulheres em situação de rua novas oportunidades através de oficinas de arte, saúde, gênero e empreendedorismo é o objetivo do projeto Som da Calçada que foi lançado oficialmente nesse sábado, 17, e contou com o apoio da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA.Som da Calçada foi idealizado pela estagiária de Gênero e Diversidade da Equipe Pop Rua da DPE/BA, Mafá Santos, e está sendo desenvolvido em parceria com a Associação do Movimento de População de Rua da Bahia – RUATUA. Foi selecionado para receber recursos da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE -durante seis meses.

De acordo com Mafá, o projeto é um espaço para que as mulheres dialoguem sobre suas demandas específicas ao mesmo tempo em que aprendem e compartilham aprendizados. "Com a vivência na Equipe de população de rua, na graduação, o resultado dos questionários, conversas com minha orientadora no grupo de pesquisa Feminaria Musical e minha experiência enquanto musicista permitiu que desenvolvesse um projeto que tem a arte como instrumento de transformação", explicou.

Responsável pela Equipe Multidisciplinar de Atendimento à Pessoa em Situação de Rua, a defensora pública Fabiana Miranda participou do evento que aconteceu no Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos – Cepaia, no Pelourinho. Para Miranda, ao promover o empoderamento das mulheres em situação de rua, esse projeto também colabora com o trabalho já desenvolvido pela Defensoria Pública para garantia de direitos desse grupo vulnerável. "Promover os Direitos Humanos de um grupo tão vulnerável é extremamente complexo e trabalhoso, pois elas não conseguem, em sua maioria, compreender que são vítimas de violência – o estupro, a violência sexual, a violação à integridade física, emocional se naturalizam. Para promovermos os direitos delas, elas precisam primeiro entender que merecem esses direitos, que são cidadãs. E o Projeto também visa cumprir esse objetivo: resgatar a cidadania delas", destacou.

De acordo com a ouvidora-geral da DPE;BA, Vilma Reis, que também participou do lançamento, essa é uma oportunidade criar uma rede de apoio com serviços e formação profissional para as mulheres em situação de rua. "A linha que separa que nós, mulheres negras, que estamos dentro da instituição, é muito tênue, porque estamos falando de uma sociedade violentamente racista, covardemente machista, e isso tudo leva também as mulheres para ruas. Então, que elas (mulheres em situação de rua) tenham apoio para entrar nos programas, para terem suas casas de volta, suas famílias reconstituídas, e que elas voltem com suas profissões", disse.

Também participaram do evento a defensora-chefe da Defensoria Pública da União – Bahia, Charlene Borges; o defensor público federal do Rio de Janeiro, Renan Sotto Mayor e a psicóloga Amanda Magalhães, representando o Ponto de Cidadania.