COMUNICAÇÃO

Defensoria promove curso de formação continuada em gênero, sexualidade e direitos humanos

13/02/2019 21:15 | Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499

Com carga horária de 3h, o curso teve como público-alvo os defensores públicos, servidores e estagiários da Instituição

A diversidade sexual e de gênero continua em destaque na Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA. Depois das comemorações pelo Dia da Visibilidade Trans, do lançamento da cartilha e de uma oficina sobre o tema, chegou a vez de um curso de formação continuada voltado para defensores públicos, estagiários e servidores. Em sua segunda edição, o curso foi realizado na tarde desta quarta-feira, 13, no auditório da Escola Superior da Defensoria – ESDEP, no bairro do Canela, em Salvador.

Com o tema “Gênero e Interseccionalidades: identidade de gênero, sexualidade e direitos humanos”, o curso foi promovido pela Especializada em Proteção aos Direitos Humanos e Itinerante e pela Escola Superior da DPE/BA e teve carga horária de 3h. “A Defensoria Pública tem a missão de garantir e defender o direito de todos e todas e combater qualquer tipo de discriminação. Hoje, temos a felicidade de incluir no escopo da formação continuada dos nossos membros um conteúdo tão importante como este da diversidade sexual e de gênero. É um conteúdo e um aprendizado que levaremos tanto para a vida pessoal como para a vida profissional”, garantiu, na abertura do curso, a diretora da ESDEP, Firmiane Venâncio.

Mediado pela mulher trans e estagiária de gênero e diversidade da Defensoria, Ariane Senna, o curso foi ministrado pela também mulher trans e educadora social, Paulette Furacão, pelo Doutor em Saúde Coletiva, Ailton Santos, e pela professora do curso de Bacharelado em Gênero e Diversidade da Universidade Federal da Bahia – UFBA, Maise Caroline Zucco. “Que esta seja uma tarde de muito aprendizado, que vocês sejam multiplicadores deste conhecimento e que, a partir de hoje, saibam como se reportar ao público LGBT aqui e fora daqui”, desejou a estagiária Ariane Senna, que foi uma das idealizadoras do curso.

“Você nasceu o quê?”

No início da capacitação, foi exibido parte do filme “Minha vida em cor de rosa”, de Alain Berliner, que conta a história de Ludovic, de 7 anos, que começa a se reconhecer como menina e os pais não entendem e não aceitam. “Um menino não se casa com outro menino”, diz a mãe de Ludovic, em uma das cenas. “Mas, serei menina”, responde Ludovic. “Você será menino a vida toda”, sentencia a mãe. “Meu filho é um menino. Estou pagando uma fortuna à psicóloga para nada. Se ele tem dúvida, eu vou convencê-lo”, acredita o pai.

“Estas cenas são reflexos da vida de quem é trans na sociedade e retrata todos os preconceitos e violências que sofremos por parte daqueles que tentam invisibilizar os nossos corpos”, explicou, após a exibição do filme, a educadora social Paulette Furacão. “Que bom que a Defensoria Pública é um espaço sensível às nossas pautas LGBT e que realiza encontros como este aqui”, acrescentou.

Já o assistente social e Doutor em Saúde Coletiva, Ailton Santos, falou sobre o discurso da ciência sobre a diversidade sexual e de gênero e lançou a pergunta “Você nasceu o quê?”. Homem e mulher respondeu a maioria dos defensores, servidores e estagiários. “Nascemos bebês”, explicou o especialista. “Cada um é o que quer ser. O mais importante é ser humano e respeitar o outro como você deseja ser respeitado”, aconselhou.

No final da capacitação, a professora de Gênero e Diversidade da UFBA, Maise Caroline Zucco, resgatou a história dos direitos humanos e também falou sobre a importância de se colocar no lugar do outro e de saber respeitar. “Qual é o limite da minha liberdade? É a liberdade do nós: a minha liberdade não pode violar o direito do outro”, explicou a professora.

Tratamento e contato com os assistidos

Atenta a todos os conceitos e ideias abordadas durante o curso, a estagiária Graziela Mirela dos Santos, teve certeza sobre a carreira profissional que quer seguir. “Vou cursar Direito e atuar na defesa dos direitos humanos. A abordagem do curso foi muito boa e serviu para ampliarmos o nosso conhecimento”, contou a estagiária da Diretoria Administrativa, que completou um mês na Defensoria.

Quem também aprendeu mais sobre os conceitos ligados à diversidade sexual e de gênero foi o defensor público Nathan Cruz da Silva. “Às vezes, por falta de conhecimento, acabávamos nos embaraçando para falar sobre este tema. Agora, todo o conteúdo abordado no curso nos elucidou e vai nos ajudar no tratamento e no contato, de forma adequada, com os nossos assistidos”, aprovou o defensor, empossado há dois meses.