Para debater a questão do envelhecimento e das relações entre os idosos e suas famílias, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizou na tarde desta terça-feira, 20, a exibição do documentário baiano “No lugar da memória”, que aborda o tema.

Realizado pela professora de serviço social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Marcela Silva, o filme serviu de ensejo para disparar o debate entre o público presente no auditório da Escola Superior da Defensoria, no Canela.

Resultado de um trabalho de pesquisa desenvolvido pelos alunos da disciplina de gerontologia (estudo do envelhecimento), ministrada por Marcela na UFRB, o filme toca em assuntos como as vulnerabilidades e os sofrimentos dos idosos, o campo relacional destes com suas famílias, e suas perspectivas quanto a vida na idade em que se encontram. São os estudantes, no entanto, que encenam dramaticamente os testemunhos das entrevistas que realizaram para escutar pessoas idosas próximas, parentes ou conhecidas.

“Podemos notar dinâmicas muito típicas na vida destas pessoas. Histórias que passam por situações comuns como abandono dos filhos, o afastamento dos netos, ou sobre como lidam com o fato de estarem sozinhas, assim também sobre como se sentem felizes ainda que sozinhas, ou sobre como gostariam de ter estudado, já que boa parte de nossos idosos não teve acesso à educação. As novas gerações desconhecem estas dinâmicas, são situações do envelhecimento que fazem parte do nosso cotidiano, sabemos que existem, mas não são observadas com atenção”, comentou Marcela Silva, que participou do momento.

Para a coordenadora da Especializada dos Direitos da Pessoa Idosa, Laise de Carvalho Leite, enquanto Instituição que promove acesso à Justiça, a Defensoria deve entender sua missão de forma mais ampla e promover o conhecimento sobre temas como os direitos da pessoa idosa para toda a sociedade.

“Para entender este processo [de envelhecimento], nada melhor que realizar a escuta destas pessoas. Pelos depoimentos do filme se pode notar, por exemplo, como é comum que os familiares não respeitem a autonomia das pessoas idosas, não respeitem o estabelecimento de novos vínculos afetivos, além do abandono familiar e da negligência quanto as cuidados”, assinalou.

Para Laise de Carvalho, a iniciativa do documentário é uma forma de aproximar as demais gerações para o processo de envelhecimento e a partir daí promover o respeito aos direitos deste segmento da população.