COMUNICAÇÃO
Defensoria promove formação para rede de proteção à criança
Troca de experiências, capacitação e fortalecimento da rede de proteção aos direitos da criança e do adolescente. Estes foram os principais pontos positivos do 3º seminário do Projeto Dialogando com os Conselhos Tutelares apontados pelos participantes da segunda turma. O evento aconteceu na última quinta-feira, 04, com uma programação semelhante à da primeira turma do projeto, que aconteceu no dia 28 de agosto. Leia aqui.
Os painéis deste 3ª seminário giraram em torno do problema do uso abusivo de substâncias psicoativas e da saúde mental. Segundo a subcoordenadora da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Mariana Tourinho, a escolha do tema se deu devido ao elevado número de crianças e adolescentes atendidos nos conselhos tutelares ou enviados às unidades de abrigamento que fazem ou provêm de famílias que fazem uso de drogas.
"O que nós buscamos foi permitir o acesso dos conselheiros, das entidades de abrigamento, e da rede de proteção aos direitos da criança e do adolescente, como um todo, à rede de atendimento voltada às pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas e pessoas com problemas de saúde mental" explicou Mariana.
Os participantes do seminário tiveram a oportunidade de se informar, entre outras coisas, sobre as causas do uso de drogas e possibilidades de tratamento através das apresentações do fundador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), Antônio Nery, e do psicólogo e coordenador Geral do Centro, George Hamilton Gusmão. Teresa Paula Costa, coordenadora de Saúde Mental do município, por sua vez, se encarregou de falar da rede que pode ser buscada pelos conselheiros para tratamento de crianças e adolescentes com o problema.
De acordo com Nery, é diante do fracasso e do sofrimento que os indivíduos buscam refúgio nas drogas. Ele afirma que o uso de substâncias como maconha, crack, cocaína, cola de sapateiro e outras, é uma maneira de driblar a realidade em que os usuários vivem. "Trabalhei com meninos de rua que cheiravam cola e eles não faziam isso para morrer. Eles buscavam nela uma fuga do social insuportável que enfrentavam", relatou.
Gusmão advertiu, no entanto, que o vazio suprido pelo uso de drogas não é exclusivamente de cunho social. "Muitas vezes, o indivíduo é financeiramente bem favorecido, nasceu e cresceu em um ambiente bem estruturado, mas carrega em si um vazio, um sofrimento, que será suprido com o uso de drogas", explicou. O psicólogo também aproveitou o momento para falar dos modos de consumo de drogas, que variam de experimental à síndrome de dependência.
Para a assistente social da Fundação Cidade Mãe, Simone Miranda, eventos como o seminário contribuem para a troca de informações e fortalecimento da rede de proteção. "Por meio de atividades como esta, a Defensoria se torna mais presente e nós acabamos por conhecer melhor as atividades desenvolvidas pelas outras instituições, fortalecendo e qualificando o trabalho da rede", destacou.
A conselheira tutelar Érica Leal disse que a participação no seminário lhe ajudou a sanar algumas dúvidas referentes ao atendimento de crianças e adolescentes que fazem uso de substancias psicoativas. Ela atua no Conselho Tutelar da Boca do Rio que, segundo ela, recebe muitas demandas do tipo. "A fala dos especialistas ajudou bastante no sentido de, durante o atendimento, tentar enxergar o indivíduo que faz uso da droga, não julgar e nem condenar", afirmou.