COMUNICAÇÃO

Defensoria Pública da Bahia encerra Fórum Nuances da Curatela

02/10/2018 18:24 | Por Luciana Costa - DRT 4091/BA (texto e fotos)

Nos dois dias de discussão, estiveram presentes defensores públicos, representantes de instituições voltadas para a pessoa idosa e sociedade civil

A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA deu continuidade nesta terça-feira, 2, ao Fórum Nuances da Curatela. O evento promovido pela Instituição teve início ontem, 1, e seguiu até hoje no auditório da Escola Superior da Defensoria Pública – ESDEP. Nos dois dias de discussão, estiveram presentes defensores públicos, representantes de instituições voltadas para a pessoa idosa e sociedade civil.

O último dia de atividade foi aberto com a exibição do curta metragem “O Dia de Jerusa” que aborda a solidão da mulher negra. Dirigido por Viviane Ferreira, o filme narra a história de Jerusa, uma senhora que está fazendo os preparativos para seu aniversário de 77 anos, quando recebe a visita de Silvia, uma pesquisadora de opinião que aplica questionários sobre sabão em pó. A visita, estimada para durar apenas 15 minutos, se estende ao longo da narrativa, quando o encontro das duas faz emergir as memórias de um passado da mais velha.

Em sua apresentação, a socióloga Alda Britto da Motta chamou a atenção em relação ao trato com a pessoa idosa, que por vezes embora haja boa intenção pode estar sendo feito de forma equivocada. De acordo com ela, a infantilização da pessoa idosa através do uso da linguagem infantilizada ou excesso de carinho é uma forma de retirá-la dos seus espaços fazendo com que se forme uma relação de dependência.

“A nova geração das mulheres idosas enfrenta dificuldades para atingir esta nova era de uma postura não dedicada ao lar. Além de terem sido socializadas em meio a discursos de que tanto a velhice como ser mulher são condições que não as levam a pensar em estar nos espaços públicos nem a participar deles”, disse a professora do Mestrado de Gerontologia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Isolda Belo da Fonte.

A assistente social da DPE/BA Raísa Aquino apresentou o trabalho de sua autoria “O Lacre como instrumento político: prazeres e desafios advindos do encontro entre Geração Tombamento e movimentos negros” e comentou sobre o atendimento da Especializada de Proteção a Pessoa Idosa da Defensoria. “O que um estudo intergeracional sobre estética e mobilizações negras tem a ver com a atuação da Especializada do Idoso da Defensoria Pública da Bahia? As respostas são autoestima, identidade e acesso à rede de proteção. O perfil atendido aponta para a prevalência de mulheres negras, residentes na periferia e com o ensino fundamental incompleto vitimadas por parentes de primeiro grau. Isso tudo é reflexo da intersecção de opressões”, explicou Raísa Aquino.

Representante do Conselho Municipal do Idoso, a assistente social Jaciara Costa apresentou o trabalho executado pelo órgão que funciona como interlocução junto à comunidade e aos poderes públicos na busca de soluções compartilhadas.

A gerontóloga e assistente social, Graça Senna, fez uma abordagem sobre as Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPIs e a importância das políticas públicas voltadas para a pessoa idosa: “O Estado não ampara os nossos idosos. O que temos na maioria dos casos são locais que funcionam como “depósito” de pessoas. A proteção social é necessária porque nossa população está envelhecendo. A proporção daqueles com 60 anos ou mais aumentou”.

Também participaram do evento ao longo do dia a professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Adriana de Freitas; a professora de Serviço Social da UFBA, Josimara Delgado e o presidente do Conselho Municipal de Assistência Social de Salvador, Jozias Sousa.

 

Encerramento

O promotor de justiça do Ministério Público da Bahia e professor de Direito Civil, Cristiano Chaves de Farias, foi o responsável pela mesa de encerramento “O papel da Curadoria Especial frente às interdições após a promulgação da Lei nº 13.105/2015 – Código de Processo Civil”.

“Nós sabíamos que a sociedade civil queria discutir esse assunto, mas não tínhamos noção da abrangência. Tivemos uma plateia plural formada por assistentes sociais, estudantes, defensores públicos, sociedade civil, técnicas da vigilância sanitária, entre outros. As pessoas estão carentes de informação nessa área. Conseguimos promover essa intersetorialidade até dentro da própria Defensoria porque havia representantes da Especializada de Proteção à Pessoa Idosa, de Direitos Humanos e da Curadoria”, avaliou a subcoordenadora da Especializada de Curadoria Especial, Mônica Aragão.