COMUNICAÇÃO
Defensoria Pública debate tema “Quem São As Pessoas Em Situação de Rua, Afinal?” em Seminário
A identificação heterogênea para pessoas que são tratadas como homogêneas, é um grande desafio a ser enfrentado por aqueles(as) que estão em situação de rua
Em uma sociedade tão heterogênea, questionar sobre quem são as pessoas em situação de rua e refletir sobre elas, não são tarefas fáceis. Pensando nisto, nesta quinta-feira, 30, iniciou o Seminário Cartografias dos Desejos e Direitos: Quem São As Pessoas em Situação de Rua, Afinal? O evento é realizado através da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, junto ao Projeto Axé, em parceria com a Universidade Federal da Bahia – UFBA e o Movimento Nacional da População de Rua.
No período da tarde, o tema da mesa “Quem São As Pessoas em Situação de Rua, Afinal?” fez jus ao objetivo do Seminário. O coordenador de arte-educação do Projeto Axé, Marcos Cândido, fez uma apresentação sobre o conceito de população em situação de rua: “A coisa mais importante foi ter conversado com eles e perguntado a mesma coisa que perguntamos para todos: quem são as pessoas em situação de rua? Onde elas estão? Desta forma, elas nos passaram sinais, marcadores visuais, que nos mostraram quem são estas pessoas”.
Marcos Cândido ainda deu exemplos de como identificar estas pessoas: “os marcadores visuais juntavam características físicas do sujeito, com uma determinada situação, o local e o que o sujeito estaria portando. Por exemplo: um carrinho de supermercado sendo empurrado no meio da rua ou alguém na sinaleira limpando parabrisa. Então, estas coisas foram nos mostrando, dentro de uma população heterogênea, quais eram os sinais de que haviam estas pessoas. A busca deste conceito, nos fez passar por uma conversa com moradores e ex moradores de rua, profissionais da área de assistência social ou de educação, com policias e com crianças, adolescentes e famílias de adolescentes em situação de rua”.
A defensora pública e coordenadora da Equipe Acolher, Ana Virginia, explanou sobre o trabalho da Defensoria Pública na proteção dos jovens em vulnerabilidade, e comentou que atuar de forma estratégica sem ter um documento que respalde a ação da instituição, seria impossível.
“Assim, o único documento que a gente tinha que nos dava uma noção de quem era as pessoas em situação de rua, era muito antigo, de 1993 e ele estava incompleto. Então quando solicitamos que este estudo fosse feito de forma integral, ou seja, não apenas focando nos jovens, mas em todo contexto que se situa, percebemos, com muita felicidade que estes dados encontrados servem para respaldar a ação de diversas áreas da Defensoria, e isto é uma coisa que vai ajudar no trabalhos de várias Especializadas. Tanto que amanhã, 1º, discutiremos diversos setores não apenas etários, mas geracionais”, explicou a defensora pública Ana Virginia.
Também compôs a mesa a defensora pública e coordenadora da Equipe Pop Rua, Fabiana Miranda, que comentou sobre como este seminário mostrou um panorama diferente do que a Defensoria Pública vem trabalhando, através de discussões ricas e a complexidade, necessidade e desejos das pessoas em situação de rua.
INDAGAÇÕES
No término das falas dos que compuseram a mesa, o evento foi aberto para perguntas e Maria Lúcia Pereira, coordenadora do Movimento Nacional da População de Rua – MNPR, aproveitou o momento e o ensejo para realizar algumas indagações: “As pessoas têm que se adaptar à política? Não. A política tem que se adaptar às pessoas. Acorda governo, acorda sociedade para que possamos ver maneiras diferentes de lidar com cada indivíduo em situação de rua!”
Além dela, a educadora do Projeto Axé, Luciana Xavier dos Santos, questionou sobre os encaminhamentos que serão tomados: “Eu acho que o que se precisa pensar é: qual solução será dada?” A educadora também tentou levar sensibilidade aos que lá faziam-se presentes: “Passem um pouquinho na rua e depois vai para casa. Se isto não te sensibilizar, o óleo de peroba não está mais servindo”.
Com um final emocionado e emocionando os participantes da mesa, o fundador e presidente do Projeto Axé, Cesare La Rocca, deixou todos refletindo sobre a humanidade: “São pessoas humanas que precisam de resposta hoje, aqui e agora. Amanhã já é tarde demais!”
Veja as fotos do evento no Flickr da DPE/BA