COMUNICAÇÃO

Defensoria Pública entra com ação para anular óbito reconhecido por engano

01/11/2012 20:32 | Por

A história do homem que flagrou o próprio velório na cidade de Alagoinhas, a 120 km de Salvador, ganhou mais um capítulo. A Defensoria Pública da Bahia, através da atuação da defensora pública Joana Lopes, entrou nesta quinta-feira (01) com uma Ação de Anulação de Assentamento de óbito de Gilberto de Araújo Santos, dado como morto por engano. O caso ganhou repercussão nacional e internacional depois que o assistido chegou à casa de sua família durante seu próprio velório. O corpo de Gilberto tinha sido reconhecido por engano por familiares no Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade no último dia 21.

"O senhor Gilberto nos procurou porque, mesmo vivo, ele está morto no mundo jurídico e por isso está passando dificuldades relacionadas à suposta morte", destacou a defensora. Oficialmente, o assistido continua "morto", já que a família registrou em cartório o seu falecimento. Por esta razão, o ex-lavador de carros não pode tirar documentos, ser atendido em hospitais, abrir conta em bancos ou viajar. Com o caso, Gilberto, que tem oito filhos, recebeu a proposta de uma funerária de São Paulo para atuar como garoto propaganda. Depois, segundo ele, seguirá para Londres e Japão para dar entrevistas sobre o caso.

Após ser orientado a procurar à Defensoria para que intervisse em seu caso, o assistido está confiante de que, em breve, sua morte para o mundo jurídico será coisa do passado: "Graças a Deus a Defensoria está acompanhando meu caso e logo- logo vou poder ter meus documentos regularizados, trabalhar e seguir minha vida ao lado de minha família". A defensora Joana Lopes lembrou ainda que, com a anulação do registro de óbito, o senhor Gilberto voltará a exercer plenamente os atos da vida civil.

ENTENDA O CASO

Sem manter contato com a família há cerca de dois meses, por estar vivendo, segundo ele, com um "chamego" na própria cidade, Gilberto teria sido avisado que seus irmãos foram procurados por conhecidos que teriam dito que ele havia recebido um tiro. Os familiares de Gilberto, aflitos, foram até o hospital da cidade, onde encontraram o suposto irmão já morto. No Departamento de Polícia Técnica da cidade, a família teria reconhecido o corpo como sendo o de Gilberto.

Ao chegar à casa da mãe durante o velório, o suposto "morto" provocou tumulto - algumas pessoas correram do local achando tratar-se de um fantasma, outras desmaiaram. Após esclarecerem o mal entendido e verificarem que Gilberto estava vivo, familiares compareceram à Delegacia de Polícia da cidade para informar ao delegado que tudo não passava de um engano. O fato foi reconhecido no inquérito policial que apura o caso e a verdadeira vítima já foi reconhecida.

Com a repercussão do caso, Gilberto recebeu convites de trabalho e de viagens para participar de entrevistas sobre o caso. Sem documentos e registrado como morto, o assistido não poderia sair da cidade.

A previsão, de acordo com a defensora, é que o caso seja avaliado pelo juiz e resolvido nos próximos dias, quando acontecerá a Semana de Conciliação da região, de 05 a 14 de novembro.